*A indicação abaixo é livre de spoilers*
Mais um título literário que vai as grandes telas, A Menina que Roubava Livros (The Book Thief), é uma ótima adaptação literária, que traz uma boa história saída dos livros (sobre uma jovem amante dos livros) para o cinema, sendo mais um livro best-seller que se torna um sucesso nas bilheterias. Mas qual o segredo por trás disso?
Gosto de pensar que um livro não se torna um sucesso de vendas se o mesmo não é bom, porém há muitas definições de bom, estas passam desde histórias genéricas de amor, heroísmo, sucesso na vida financeira e afins, mas há aqueles livros, aqueles que não aparecem com grande frequência, que merecem nossa atenção e ganham também a atenção do grande público leitor, com uma história cativante, de fácil leitura (tanto na fluidez do livro quanto na estruturação do romance) e com algum elemento curioso, que neste caso podemos dizer que a contra-capa do livro já nos revela qual é: “Quando a morte conta uma história, você deve parar para ler”, a não ser que você já tenha lido o sensacional Intermitências da Morte, de José Saramago, temos que admitir que não é uma característica muito recorrente, o narrador do livro é A Morte.
Bom talvez o diretor, nem-tão-conhecido Brian Percival, tenha achado melhor ser O Morte, no filme com a voz de Roger Allan (“England Prevails!”¹), o filme começa com sua voz anunciando o destino de toda a vida e já revelando nossa simpática protagonista, Liesel Meminger (Sophie Nélisee) e sua triste história até chegar ao lar dos Hubbermann. Hans (Geoffrey Rush) e Rosa (Emily Watson) se tornam seus humildes pais. A partir deste ponto toda a história será ambientalizada em uma região pobre pobre de uma cidade da Alemanha, partindo do ano de 1939, época da ascensão do regime nazista.
Markus Zusak, o autor do livro, não peca em momento algum em descrever as dificuldades de infância na Alemanha nazista, alimentada pelo medo e insegurança devido aos acontecimentos que são apresentadas no decorrer da história. Há muitos outros romances que retratam este período histórico, alguns não ficcionais, que chamam a atenção do leitor por trazer de volta assuntos como o holocausto, regimes totalitários, guerra e racismo.
Porém esta produção, tanto do livro quanto no filme, está focada nas relações familiares e no poder da amizade. Traz também outros temas como a importância da literatura e da música, que atravessam o livro deixando uma característica singular muito marcante.
Talvez sejam estas bases que deixam o livro tão atraente ao leitor, facilidade na leitura, base histórica, e bons temas transversais. Tudo isso somado ao grande investimento da industria cinematográfica, e é claro alguém que faça uma adaptação do texto para não decepcionar os fãs, só poderia resultar em outro sucesso, agora nas bilheterias. Gostaria que a trilha sonora fosse um pouco mais explorada porém o filme em geral me agradou e mereceu minha recomendação.
Ainda há tempo de assistir nos cinemas. Se ainda não foi corre lá e depois diz aqui nos comentários o que achou, combinado?
¹ – A frase é de V de Vingança, em sua adaptação para o cinema Roger Allan foi Lewis Prothero, ancora do programa ‘The Voice of London’ (A Voz da Inglaterra), que tinha seu bordão “England Prevails!” (A Inglaterra Triunfa).