O romance Terra Sonâmbula (1992), do escritor moçambicano Mia Couto, está na lista de leituras obrigatórias para o vestibular da Unicamp 2016. A universidade anunciou a lista na última quarta-feira (30), informando que a partir de 2016 terá o catálogo de leituras de obras obrigatórias independente – nos últimos oito anos, a lista é unificada com a Fuvest. Para o vestibular deste ano, a lista junto com a Fuvest está mantida.
Outro detalhe é que a partir de 2016 o número de leituras obrigatórias da Unicamp mudará: de nove – número atual – para doze obras. Dentro desta lista estarão diversos gêneros literários, como romances, coletâneas de poemas, peças teatrais, contos, crônicas, peças de oratória ou de crítica.
Com a inclusão da obra de Mia Couto, o vestibular da Unicamp começa a abranger a literatura contemporânea, assim como as literaturas africanas de língua portuguesa. A introdução de Terra Sonâmbula no vestibular da Unicamp contempla a produção literária recente e fornece alternativa para os vestibulando conhecer a obra de autores africanos de língua portuguesa.
O romance retrata o contexto de Moçambique na década de 1990. O país estava passando por guerra civil, dois personagens, Muidinga e Tuahir, caminham por ambientes devastados de resquícios de batalhas, desprovidos de passado e esperança. Os dois fazem de um machimbombo incendiado sua casa. Durante o trajeto, encontram um diário junto a um cadáver, fazendo com que Muidinga acredite ter um mapa que o levará à sua mãe. No percurso dos dois, Mia Couto retrata o período conturbado da guerra que marcou Moçambique, além de utilizar do insólito para relatar sua crítica à miséria e distopia, sempre reinventando a tradição africana de seu país, abordando elementos culturais, realismo, magia, fatos e símbolos. Terra Sonâmbula é considerado um dos doze melhores romances africanos do século XX.
Além de Terra Sonâmbula, fazem parte da lista autores consagrados da literatura brasileira, como Machado de Assis, Clarice Lispector, Guimarães Rosa, Aluísio Azevedo, Carlos Drummond de Andrade, entre outros.
Poesia
Sentimento do Mundo – Carlos Drummond de Andrade
Sonetos – Luís de Camões
Contos
“Amor” (do livro Laços de Família) – Clarice Lispector
“A hora e a vez de Augusto Matraga” (do livro Sagarana) – Guimarães Rosa
“Negrinha” (do livro Negrinha) – Monteiro Lobato
Teatro
Osman Lins, Lisbela e o prisioneiro
Romance
Viagens na Minha Terra – Almeida Garret
O Cortiço – Aluísio Azevedo
Capitães da Areia – Jorge Amado
Til – José de Alencar
Memórias Póstumas de Brás Cubas – Machado de Assis
Terra Sonâmbula – Mia Couto
FONTE: Correio Popular
O que prova que as literaturas africanas, mesmo a passos lentos, vai conquistando o seu espaço. Parabéns pela notícia!
Sorry, vão conquistando!
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