No segundo dia da 12ª Festa Literária de Paraty, o Livre Opinião cobriu os eventos fora da programação oficial. Cada rua em que se passa no Centro Histórico é uma casa elaborando debates, conversas, palestras, leituras e lançamentos de livros. Dos muitos eventos, o LOID esteve presente no encontro dos cronistas Antonio Prata e Tati Bernardi, na Casa Folha; leitura de contos com Marcelino Freire, na Casa da Libre e o relançamento do livro infantojuvenil “Amanhecer Esmeralda”, do escritor Ferréz, na Casa Editora DSOP. Confira a seguir trechos da cobertura dos três eventos:
CASA FOLHA – “Humor, poesia, infância e amizade” foi tema da mesa de Antônio Prata e Tati Bernardi, que aconteceu no segundo dia da Flip, na Casa Folha. Durante a conversa, Prata comentou sobre a repercussão de sua crônica, Guinada à Direita, em que o texto fez uso de pensamentos reacionários, gerando diversas revoltas de leitores desacostumados em reconhecer um texto de tom irônico: “A maior parte de e-mail que recebi foi de apoio. O que me assustou não foram os comentários contrários á crônica e sim os comentários favoráveis”.
Tati Bernardi também falou sobre a repercussão da crônica, Gata, eu não quero ver a sua xota, que publicou sobre a temática do parto natural. “Eu recebi ameaças de morte. A cada e-mail que recebia era um tapa, um murro em mim”.
Os dois ainda falaram sobre a elaboração das crônicas, sendo um dos destaques se a crônica é sempre ficção.”Crônica sempre foi para mim ficção, mesmo nas coisas que acontecem comigo, sempre as trato como ficcionais”, afirmou Prata. “Você pega o banal e a partir disso você cria uma crônica. As pessoas ficam triste quando o que conto nas crônicas não aconteceu comigo”. Já Tati Bernardi: “Escrevo sobre tudo o que aconteceu comigo… e minto”. “Parto do cruel e individual que encontro e vomito [na crônica] o que me irritou… faço crônicas como resposta para essa pessoa que me irritou”.
CASA DA LIBRE – O escritor Marcelino Freire marcou presença na Casa da Libre para acompanhar o lançamento do audiolivro de Angu de Sangue (2000), publicada pela Livro Falante, com a gravação do próprio escritor e participação da atriz Olívia Araújo. Em 2008, Marcelino já havia lançado outro audiolivro, dessa vez foi Contos Negreiros que tomou forma na sua voz e da cantora Fabiana Cozza.
Durante o evento, o autor contou um pouco sobre a sua paixão pela literatura e teatro: “Eu sempre quis ser ator, então todas às vezes que escrevo os meus tetos eu lembro em teatro”. Marcelino falou sobre a utilização de audiolivros: “Muitos professores usam o audiolivro em aulas para estudar o português e as interpretações das palavras”.
Marcelino realizou também uma leitura de contos e comentou o seu processo criativo na elaboração de seus textos: “As personagens femininas de meus contos me inspirei na minha mãe”. Na ocasião, o escritor falou sobre a situação que presenciou relacionada com fiscais da Prefeitura abordando jovens que estavam vendendo seus livros nas ruas de Paraty: “Fiquei indignado, parece que Paraty não perdeu essa mania. É sempre assim! Deixem os garotos venderem as suas literaturas, seus livros… Eu realmente fico indignado, por isso que escrevo!”.
No final, Marcelino leu um trecho de seu mais recente trabalho, o romance Nossos Ossos.
LANÇAMENTO DE LIVRO – O escritor Ferréz esteve na na Casa Editora DSOP participando do relançamento de seu livro infantojuvenil, Amanhecer Esmeralda.
Durante o evento, Ferréz participou de um bate-papo ao lado de Rodrigo Ciríaco e conversaram sobre a atual situação das comunidades da cidade de São Paulo, assim como a educação precária das escolas públicas do estado. Em relação à carreira de escritor, Ferréz comentou o cuidado que leva no processo de construção das narrativas de seus livros e a preocupação do autor em fornecer uma leitura sobre a temática da periferia sem cair no clichê.
Outro ponto interessante levando por Ferréz durante o bate-papo foi sobre o opinião da sociedade que não vive nas comunidades. “Eles sempre falam que fulano na comunidade vira escritor ou bandido. Meu, nada a ver! Pensa que virar bandido é fácil? Se enganou”. Ele também comentou que o jovem da comunidade é o mais
Ferréz é um dos grandes nomes da literatura atual na abordagem das temáticas da sociedade da comunidade paulistana. Com Capão Pecado, o autor conseguiu desenvolver uma linguagem original para a literatura, aproximando-se totalmente com os diálogos e retratando situações cotidianas da comunidade, somente o olhar de um residente do próprio lugar tem a liberdade e o pulso firme para relatar.
Festa das boas
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