O poeta Ferreira Gullar foi eleito, na tarde desta quinta-feira (9), membro da Academia Brasileira de Letras (ABL). Aos 84 anos, Gullar ocupará a cadeira 37, que era de outro poeta, Ivan Junqueira, morto em julho deste ano. O mais novo imortal recebeu 36 dos 37 votos.

Ocuparam também a cadeira 37: Silva Ramos, fundador – que escolheu como patrono o poeta Tomás Antônio Gonzaga -, Alcântara Machado, Getúlio Vargas, Assis Chateaubriand e João Cabral de Melo Neto, que hoje faz 15 anos de seu falecimento, e Ivan Junqueira.

FERRERIA GULLAR – Poeta maranhense, nasceu em 1930, muda-se para o Rio de Janeiro em 1951 onde começa a trabalhar como jornalista na Revista do Instituto de Aposentadoria e Pensão do Comércio. Em 1954 publica “A luta corporal”, causando interesse dos autores Augusto e Haroldo de Campos e Décio Pignatari. Convidado pelo trio de escritores, Gullar participa da I Exposição Nacional de Arte Concreta, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, em 1956. Incia-se o Movimento Concretista. Em 1975, exilado na Argentina, seu escrito mais conhecido, “Poema Sujo”, mostrou interesse na ala artística pela inovação estrutural. O livro é lançado no ano seguinte. Somente em 1977 Gullar retorna ao Brasil. No dia seguinte, é preso pelo “DOPS”. As ameaças feitas por agentes policiais, que se estendiam a membros de sua família, só terminaram após 72 horas de interrogatórios, ocasião em que é libertado face à movimentação de amigos junto às autoridades do regime militar. Retorna, aos poucos, às atividades de crítico, poeta e jornalista. Em 2002, é indicado ao Prêmio Nobel de Literatura.