Lola Benvenutti volta a São Carlos para lançar seu primeiro livro

Lola Benvenutti. Imagem: Paparazzo/Globo.com

Lola Benvenutti. Imagem: Paparazzo/Globo.com

A escritora Lola Benvenutti realizará o lançamento de seu primeiro livro O Prazer é Todo Nosso na cidade de São Carlos. O livro, que foi oficialmente lançado no mês de agosto, em São Paulo, agora será lançado em noite de autógrafos na EdUFSCar.

Capa do livro "O Prazer é Todo Nosso".

Capa do livro “O Prazer é Todo Nosso”.

Lola Benvenutti ficou bastante conhecida no cenário nacional ao declarar ser prostituta enquanto fazia o curso de Letras na Universidade Federal de São Carlos. Sob o pseudônimo de Lola, Gabriela Natalia Silva convive com a dupla personalidade de construir seu cotidiano e transformar sua carreira de escritora, assim como da vida de acompanhante.

Lola disse ao Livre Opinião – Ideias em Debate estar contente em retornar a São Carlos: “Estou super animada em poder rever pessoas tão queridas e voltar para São Carlos. Sinto falta do clima da faculdade, do comecinho de tudo e de tanta gente legal que fez parte de um caminho longo, mas que começou a ser trilhado aí”. Ela também concedeu uma entrevista ao LOID em Julho deste ano, que você pode conferir aqui.

O lançamento do livro e a noite de autógrafos serão realizados na quinta-feira (16), às 17h, na Livraria EdUFSCar, próximo à Biblioteca Comunitária da UFSCar (BCo). O evento é aberto a todos.

O Livre Opinião – Ideias em Debate sorteará, neste final de semana, um livro da autora especialmente autografado para os leitores do LOID, fiquem ligados em nossa fanpage no Facebook. Confira um trecho exclusivo da obra:

“Quando ocorreu essa explosão sobre Lola Benvenutti, minha família, após a minha exposição na mídia, se afastou completamente de mim. Meu pai porque dizia que eu havia mentido para ele e que eu sabia que tudo isso iria acontecer. E minha mãe porque não suportava o desgosto e a vergonha de ter todos os dedos da cidade apontados para si, no momento em que ainda tentava se recuperar do choque que teve quando contei a ela pela primeira vez.

Percebi que era um momento de mudanças. Fiz uma mala e fui para a megalópole São Paulo, sem conhecer nada nem ninguém. Fui em busca de meus antigos sonhos: morar na capital, que oferece inúmeras possibilidades de conhecer pessoas e lugares interessantes, e também continuar estudando, mas para isso eu precisava alugar um apartamento e me estabelecer. Encontrei um apartamento adequado, mas o proprietário exigia um fiador. Eu não tinha a quem recorrer senão ao meu pai. Ele aceitou, contanto que fosse a última coisa que eu lhe pedisse.

Quando nos encontramos para que ele assinasse os papéis, o modo seco como nos cumprimentamos – sem beijo, sem abraço e sem sorriso, logo meu pai, que todas as noites me dava beijo de boa noite e me cobria antes de dormir – evidenciou que, se eu havia ganhado a minha liberdade, havia perdido um bem muito precioso: a família.

Apesar de todos os percalços iniciais, logo as coisas começaram a funcionar. Após um longo período de silêncio, meu pai me mandou uma mensagem, pedindo que ligasse para contar como estavam as coisas. Tardei a criar coragem e quando finalmente consegui ligar, um choro convulsivo tomou conta de mim e eu mal conseguia falar. Toda a falta que eu sentia do meu pai explodiu ali e isso o comoveu.

Nós nos encontramos e o abraço, demorado e apertado, foi de um pai triste e saudoso da filha – agora só uma garotinha indefesa buscando a aprovação do pai. Sei o quanto foi difícil para ele, militar, vindo de família tradicional e conservadora, aceitar que aquela era eu, sua filha, sangue do seu sangue, e que, a despeito das atitudes “erradas”, nosso amor estava acima de tudo.

O único momento triste do nosso encontro foi quando falamos de minha mãe. Ele sempre me pediu que tivesse calma com ela e que desse tempo para que as feridas cicatrizassem. Esperei o tempo que pude, tentei ligar, mandei mensagens… Minha mãe manteve o silêncio.

Depois de um tempo, no dia do meu aniversário, decidi tentar mais uma vez. Reuni toda a coragem que havia dentro de mim e a chamei para comer um pedaço de bolo.

— Não tenho o que comemorar… não tenho o que falar…

Novamente o choro tomou conta de mim e eu fiquei ali, parada atrás da porta, sem saber o que fazer. Meus soluços eram uma súplica. Ela então abriu a porta. Nunca vou me esquecer da conversa que tivemos aquele dia. Choramos tanto e colocamos tudo para fora. O abraço de reconciliação foi o melhor abraço que eu já recebi dela e talvez minha maior felicidade na vida.

Embora tudo isso tenha sido muito difícil, eu aprendi a valorizar a mulher forte que minha mãe sempre foi. Hoje, mais do que nunca, entendo a dificuldade de se manter uma casa, de ser independente e ter fibra para enfrentar as batalhas do dia-a-dia.

Ao tentar rememorar o passado, dou-me conta de que, embora possa ter fantasiado algumas coisas, o mais importante é que mesmo o menor dos acontecimentos passados foi importante para formar o meu caráter. Hoje sou independente, posso conhecer pessoas novas todos os dias, ter colegas, me divertir… Embora eu more sozinha, nunca me sinto só e tenho em mim todos os sonhos do mundo”.

Serviço:

Data: Quinta-feira, 16 de outubro, às 17:00
Local: UFSCar – Universidade Federal de São Carlos, Rodovia Washington Luiz, Km 235, 13569-300 São Carlos/SP.

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