– eu posso dar a minha opinião?
– pode
– e eu tenho liberdade pra falar sobre o que eu quiser?
-sim, claro
– e pode ter carinha feliz?
– acho melhor não
Nesse diálogo imaginário com o jornalista Jorge Filholini eu inauguro minha coluna no Livre Opinião.
Hoje em dia, todo mundo tem opinião. É meio óbvio mas já era assim na Antiguidade. O problema é que hoje a gente pode dar a nossa opinião e postar e comentar a do outro. Eu não acho isso ruim. Acho bom. Sou uma das que entra só pra ler os comentários. É assim que deve ser. Eu tenho muita dificuldade em aceitar opiniões diferentes da minha. Estou tentando mudar. Quando não dá certo sempre existe o recurso de bloquear, excluir ou parar de seguir. Na vida também é assim mas a gente usa pouco. Quando você para de curtir uma pessoa, basta parar de segui-la. É simples e cruel.
No facebook, eu vi a opinião da Gisele e da minha sobrinha Clarice. Curti as duas. Na internet somos todos iguais. Mentira. A minha sobrinha ganhou um coraçãozinho a mais.
Lourenço Mutarelli dá aulas para quem acha que não escreve e quem acha que não desenha. É o mundo dos não. Não atores, não músicos, não pintores, não fotógrafos. Não cozinheiros me ajudam todos os dias com suas receitas no youtube.
Assinantes clandestinos, de TV por assinatura, terão seus índices registrados. Não assinantes do não ibope.
E quem ainda escolhe o filme que vai ver pela quantidade de estrelas no jornal? Somos todos não críticos. Me interessa mais a opinião do meu amigo do que a do crítico da nota: ótimo, regular, ruim. Caetano decretou há 40 anos: quem lê tanta notícia ou Cidinho e Doca, eu só quero é ser feliz ou, melhor ainda, minha mãe: gosto é que nem cu, cada um tem o seu.
Marcelino Freire fala sempre que todo mudo pode escrever sobre o que quiser. Dá trabalho, mas pode.
Você pode aprender qualquer coisa na rede. Mesmo. Não vou dar exemplos para não dar ideias. Eu tentei aprender inglês, francês, italiano, espanhol, como fazer um roteiro de cinema, como grelhar peixe sem óleo, como tirar mancha de tinta de caneta, como colocar música no powerpoint, como ligar o PC na TV LG e quantos caracteres tem uma coluna no jornal.
Algumas delas eu aprendi ou não. Melhor dizer que eu experimentei porque afirmar assim “eu aprendi” fica meio estranho. Não gosto. Não sei se aprendi alguma coisa de verdade.
Quando eu era criança, eu queria ser professora ou jornalista. Agora eu consegui uma coluna. Sou uma não jornalista.
Eu me perco com liberdade demais.
Gostava quando a professora dava um tema para a redação.
Eu não consigo sentar e escrever do nada. Eu comecei a escrever para os amigos no colégio, depois escrevi uma série de contos para fazer a oficina de Caio Fernando Abreu. Depois parei, 20 anos sem ler e sem escrever ficção.
Voltei. Escrevo pro outro. Não escrevo pra gaveta nem pra mim.
Escrevo pro meu marido, pro meu filho, meus sobrinhos, minha família e meus amigos.
Escrevo por que minha boca sempre acorda cheia.
Fico engasgada com palavras.
Tenho ânsias. Enjoo de tanto verbo, pronome e gramática.
Essa literatura precisa sair de mim.
Que delícia de texto. Estarei com você, sempre, neste coluna, Lucimar… Sem dor no ciático, hein? Beijo!
grande estréia! com direto a carinha feliz ao menos no comentário: =)
Tiaaaa!!!!!! Você é d+++++++ :)
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Amei Lucimar, incrivel me identifico muito hihihi
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