
Elvis Presley.
Foi na minha pré-adolescência que conheci Elvis Presley. Eu era cabeludo (muito) e metaleiro, daqueles que entram na turma dos headbangers depois e acompanham os mais velhos naqueles incorruptíveis ensinamentos. Claro que não foi no metal que conheci o Elvis: conheci por meu pai. Ele só tinha a discografia inteira do cara em CD, todos com seus encartes imaculados. Por mais que possa parecer tolo – e era –, todos os discos ficavam num puminha GTE branco que meu velho tinha na época, prontos para serem ouvidos… ou roubados. Foi o que aconteceu. Quem já teve um Puma sabe que portas cem por cento trancadas são uma utopia. E foi assim passaram a mão no Elvis do velho. À época, fiquei feliz em toda minha rebeldia, finalmente não iria mais ter de ouvir “Hound Dog” indo pra escola. Quanta rebeldia…
O tempo passou, fui ficando mais maduro, perdendo aquele medo de gostar de outra coisa que não Metal e não é que comecei a gostar de Elvis? Quer dizer, no fundo eu sempre gostei, mas tinha aquela coisa que sempre pensava: “vai que meus amigos descobrem”. Pois é, ainda bem que a gente muda. Se eu ainda fosse aquele pré-adolescente, provavelmente não estaria aqui neste dia escrevendo um texto cafona para lembrar que Elvis Presley ainda não morreu. Se bem que, confesso, quando meu pai se lança numa das suas maratonas dos filmes que Elvis estrelou, nem o lindíssimo box da MGM com sua filmografia consegue me seduzir a fica na sala.

Elvis ainda criança, acompanhado de seus pais: o cantor teve um irmão gêmeo, que morreu durante o parto.
Há oitenta anos, neste 8 de janeiro, Elvis nascia em Tupelo, no Mississipi – a cidade que o consagraria, ou que ele consagrou, Memphis, teria o cantor em seu solo apenas 13 anos depois –, para viver eternamente. Mas não é exagero: o cara não escreveu nenhuma música – “Heartbreak Hotel” e “Love Tender”, que levam sua assinatura, foram, na verdade, compostas por outros cantores que concordaram em ceder a autoria ao rei do rock. Ele ainda gravou mais de 600 canções – uma delas do brasileiro Luiz Bonfá, “Almost In Love” –, mas nenhuminha dele (se bem que a história, e o mercado fonográfico, em se tratando de Elvis, sempre podem nos surpreender), e ainda assim transformou gerações, dos vinis aos descoladíssimos walkmans de fita cassete e até os laser discs e as músicas na nuvem.
Nestes seus oitenta anos, Elvis já chocou e conquistou corações e multidões com sua “ginga maldita”, jogou bilhar com os Beatles, apertou as mãos de Nixon, então presidente estadunidense, num esforço para uma campanha antidrogas (campanha talvez tão irônica como a do governo norte-americano contra os rachas, estrelada por James Dean), levou o Rock and Roll a fãs em nível mundial como talvez nenhum outro artista o tenha feito – seu show Aloha from Hawaii foi o primeiro show a ser transmitido ao vivo via satélite para o mundo (no Brasil, foi transmitido pela extinta Tupi), sendo assistido por nada menos que 1 bilhão de pessoas. Mas, ainda assim, sua turnê mundial se limitou a alguns shows no Canadá. Não dá nem para ser um simples caricato.
E quando digo que Elvis ainda não morreu, não é apenas para retomar a famosa expressão ou fazer referência ao filme de Joel Zwick (zeus me livre). O menino de ouro do rock está longe de morrer porque é perpetuado a cada ano por seus sósias: 85 mil contabilizados até os anos 2000. Claro que seu talento e as músicas que cantou mais do que bastam para imortalizá-lo, porém não deixa de ser curioso.
Mas, aproveitando que Elvis ainda não morreu, nada melhor que celebrar seus oitenta anos com uma seleção de músicas feita pelo Livre Opinião – Ideias em Debate para relembrar os melhores momentos do Rei do Rock. Confira:
Hound Dog
Blue Suede Shoes
Jailhouse Rock
Love Me Tender
Bridge Over Troubled Water
E o bonus track da lista, para quem não conhece, é a música do compositor brasileiro Luiz Bonfá gravada por Elvis:
Almost In Love
Elvis Presley ’68 Comeback Special
Outro bonus track, o especial de TV realizado em 3 de dezembro de 1968 pela emissora NBC. O especial foi aclamado pelo público e crítica, mostrando diversas performances marcantes do Rei. Fãs e críticos também apontam como o momento da volta triunfal de Elvis. O especial é considerado o primeiro formado acústico da história.
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