
Marcelino Freire doa para UEIM – Unidade Especial de Informação e Memória, coordenada pela Prof Rejane C. Rocha, a primeira edição de Paulicéia Desvairada.
O escritor Marcelino Freire esteve neste final de semana em São Carlos a convite do Festival Gaveta Livre, que realizou diversas atividades culturais durante três dias. Em sua mesa de conversa, realizada no último sábado (27), o escritor doou de seu acervo de livros raros a primeira edição de Paulicéia Desvairada, de Mário de Andrade, publicada em 1922, para Unidade Especial de Informação e Memória (UEIM), localizada na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
A raridade agora está na cidade e fará parte da coleção de documentos históricos do Centro de Educação e Ciências Humanas (CECH) da UFSCar. Um grande presente cedido por Marcelino, principalmente para os estudantes do curso de Letras da UFSCar e faculdades da região, em que poderão consultar esse clássico da Literatura Brasileira.
Marcelino agradeceu por estar em uma cidade onde a “pulsação cultural é tão grande”; “Sinto-me no dever de não ir embora de São Carlos sem deixar uma lembrança para vocês”. Recebida pelas mãos da coordenadora da UEIM e também mediadora da mesa de conversa de Marcelino, a professora do departamento de Letras da UFSCar Rejane C. Rocha. “Em nome da UFSCar e da UEIM, agradeço Marcelino Freire por este presente marcante”. Marcelino ainda enalteceu o Festival Gaveta Livre: “Mário de Andrade foi um grande agitador cultural e sinto em vocês a mesma agitação. Então Mário está em um ótimo lugar”.
A OBRA
Paulicéia Desvairada – obra de Mário de Andrade publicada em 1922, mesmo ano da Semana de Arte Moderna, foi um marco da literatura brasileira e traçou os alicerces da estética do Modernismo no país. A antologia de contos do escritor paulista foi a primeira obra realmente de vanguarda do movimento Modernista. Rompendo radicalmente com as obras anteriores de Mário de Andrade, Paulicéia Desvairada faz uma análise do provincianismo e da sociedade paulista do começo do século XX. Anos mais tarde, na conferência “O Movimento Modernista”, o escritor definiu o livro como “áspero de insulto, gargalhante de ironia”. Entre outros aspectos, Paulicéia Desvairada surgiu em um cenário de mudanças em São Paulo, que ganhava uma paisagem cada vez mais urbana e menos rural. Além disso, naquele período teve início o processo de explosão demográfica na cidade e a chegada dos imigrantes de diversos países.
MÁRIO DE ANDRADE
Mário de Andrade foi um expoente da cultura nacional. Agitador, juntamente com grandes nomes da literatura, idealizou a histórica Semana da Arte Moderna de 1922. Seus clássicos são Paulicéia Desvairada e Macunaíma. O primeiro é um livro de poemas em que Mário descreve o contraste entre o moderno e antigo da cidade de São Paulo. Já em Macunaíma, o autor discorre uma saga do anti-herói do título passando pela mata até a metrópole paulistana, mesclando folclores e tradições afrodescendentes e indígenas.
FESTIVAL GAVETA LIVRE
Literatura, teatro, desenhos, música. Tudo em um único evento, feito para festejar todas as artes. São Carlos foi palco da primeira edição do Festival Gaveta Livre. Como o próprio nome diz, a iniciativa é uma união do Espaço Gaveta – Centro Experimental de Artes e do site de cultura Livre Opinião – Ideias em Debate. De 25 a 27 de junho, nomes como os de Andrea del Fuego, Luiz Bras, Isadora Krieger, Le Tícia Conde, Matheus Torres e Marcelino Freire participaram de mesas, lançamentos e recitais, tendo como homenageado principal o escritor Lourenço Mutarelli. Segundo o autor de “O Cheiro do Ralo” e “O Natimorto”, que estará presente na mesa de abertura, no SESC, e acompanhará todo o festival, “ser lembrado pelo meu trabalho na literatura é uma emoção sem igual, sobretudo em uma cidade que tem um movimento universitário tão vigoroso”. O festival teve o apoio do Sesc e da Coordenadoria de Cultura da Universidade Federal de São Carlos (PROEX/CCULT). Mais informações no site http://www.festivalgavetalivre.com.
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