depois de todos esses anos ele me chamou pra fazer um Filme.
Quando éramos amigos,
ele já gostava de cinema mais que de teatro,
Eu comprei no shopping 1 caixinha de guardar qualquer coisa que fosse pouca com a foto da Marilyn Monroe na parte de cima, ou era o
Charles Chaplin, não me lembro, lembro que paguei R$13,90 e o ano
era de 2006, perto do
Natal, mas
não por isso.
Dei o presente na Casa das Rosas, estávamos ensaiando uma peça
que na época parecia que ia mudar o mundo mas
claramente não mudou. Você chorou no meu presente e eu pensei que você talvez não estivesse acostumado a ganhar presentes e por isso
você se apaixonou por mim. Acontece que Não foi por mim. Foi pelo que eu fiz você sentir, a textura de ganhar algo como demonstração de Afeto é
milenar.
Depois dessa peça eu fiz só mais 1 pra nunca mais
Pisar no palco. Meus amigos-atores me esqueceram. Diziam que eu era
O Talento quando estudávamos juntos, mas quando sumi não recebi nenhum telefonema me pedindo:
-Volta.
Eu sei que a vida não é assim. Eu também não liguei pra ninguém. Tinha 18 anos e me apaixonei por um rapaz
Que não gostava do fato d`eu fazer teatro por beijar
outras bocas que não a dele, além do fuso horário de ensaio.
Foi muito fácil desistir por amor. Nunca mais eu quero desistir de nada na vida mas isso é tão
impossível. A cada escolha
Já desisto de outras mil coisas importantes também, lindas também.
Agora depois de anos, quantos? oito,
nove,
você me mandou uma mensagem no
celular
perguntando se eu teria interesse
de fazer um filme
seu.
Um filme, eu pensei. Estava no ponto de ônibus me imaginando num set
por 3 semanas. Me imaginei lendo o roteiro, gostando das falas que eu teria. Falando elas no banheiro pra me acostumar com aquelas sequências de letras que não fui eu quem escreveu ou pensou, mas
deveriam parecer tão minhas quanto qualquer parte do meu corpo.
Me imaginei depois, também, em telas de alguns cinemas de Rua e no
Youtube na casa das pessoas.
Disse que eu me interessava,
sim. Digitei a palavra
Quero.
Você ficou de me mandar um email que nunca chegou. Fiquei ligeiramente esperando mas sem esperança porque penso que Atriz foi uma morte em mim
que eu fico tentando ressuscitar porque acho bonita a beça a palavra
Interpretação, além de imaginar Sophia Loren andando pelas ruas
Com a Itália inteira no Peito, jorrando.
Até que, tempos depois, você me mandou outra mensagem pelo celular, perguntando se eu tinha recebido o tal email, já que meu nome
Não estava na grade dos testes pro seu filme, você
diego,
diretor de cinema, agora.
Eu disse:
-Não recebi email nenhum.
E você tentou me ligar umas 3 vezes, meu celular justo no dia estava com problema na operadora e eu não te ouvia
Nem você
Me ouvia e no outro dia, ainda,
Você preferiu me mandar uma nova mensagem dizendo:
que desencontro.
ao invés de seguir tentando falar comigo até pr`um papo no café da esquina.
E eu
preferi ler a palavra
desencontro
digitada por você pra mim
e concordar um pouco, além de escrever esse texto ao invés de Simplesmente
te ligar.
Aline Bei
A busca ou o processo.
(nunca o pronto)
muito perspicazes teus textos! parabéns!
vamos parar…
Seu estilo é impressionante, é o Grande Estilo dentro de você pulsando, jorrando, o que é algo bem raro; aposto mil pratas com você que é, porque a cena atual está repleta de textos-desabafos, só que o que você escreve não é um texto-desabafo mas outra coisa. E escrever não é tão simples como as pessoas pensam que é: sentar e escrever o que acham que foi o que aconteceu ou o que acham que deveria ser ou acontecer ou ter acontecido.