Dominado pelo pessimismo e influenciado pelo espírito positivista, o paraibano Augusto (de Carvalho Rodrigues) dos Anjos escreveu poemas viscerais, que se tornaram extremamente populares. Nascido em 1884, em uma família aristocrata falida, ele fez da deterioração da matéria e da iminência da morte os temas centrais de sua obra, na qual aprimorou uma vasta terminologia científica – o que levaria seu primeiro livro a integrar a biblioteca da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.
Confira o especial que o Livre Opinião realizou sobre os cem anos da morte de Augusto dos Anjos
Estudados hoje nas turmas de Ensino Médio de todo o país, os poemas do autor estão reunidos em Toda poesia de Augusto dos Anjos (José Olympio), que retorna às livrarias este mês com nova capa e projeto gráfico. Para explicar a importância de Augusto dos Anjos dentro da história da literatura brasileira, a edição traz uma longa análise crítica escrita, na década de 1970, por ninguém menos que Ferreira Gullar.
“Augusto dos Anjos é um poeta do Engenho do Pau d’Arco, da Paraíba, do Recife, do Nordeste brasileiro, do começo deste século [20]. Essa não é uma referência meramente biográfica, externa à sua obra”, diz Gullar. “Não: sua condição de homem, concreta, histórica, determinada, informa os poemas que escreveu, e não apenas como causa deles, em última instância: é matéria deles. Com Augusto dos Anjos penetramos aquele terreno em que a poesia é um compromisso total com a existência”.
Augusto dos Anjos (1884 – 1914) publicou seus primeiros poemas aos 17 anos, no jornal O Commercio. Em 1912, lançou, em edição particular, Eu, seu único livro publicado em vida. A primeira compilação de sua obra foi editada somente após seu falecimento, por Orris Soares.