POEMA LIVRE: reserva, de Waltz Tadini

reserva

o tempo reserva algum instrumento
com unidades qualitativas para se considerar,
cala o destino com alimento,
dá energia à inércia,
onde desaparecem
em meio a tributos imprecisos
os desfrutes de raro juizado…
certamente de tão perto assusta
o caráter, desmascara a segurança
no primeiro tino à proteção
– algum erro ou suposição lírica –
o engasgar durante a refeição,
ou a obstipação.
realidades capazes de adormecerem objetivos
esses adjetivos nulos, a perda de tempo,
tudo conspira à covardia.
os documentos do sindicato, os boletos piegas;
a história do tempo passado, dos mortos…
faltava ao tempo a dureza do amor
que o fizesse sentir quão longa era a espera,
se era eterna a memória do que se viu,
ou possível reconhecer suas visitas…
mas, sem nunca abrir a porta, o relógio
continua a entrar, sentar e me olhar.
o que posso dar a quem esteja é a hora
de estar ao lado, mais uns goles
do que sobra para o futuro
e o veneno envenenar…
esses relógios tão céticos guardam as engrenagens
como fosse dentro de um caixão
para ninguém se lembrar…
ensinam em faculdades como fazer um velório
dos primeiros que enfrentam os segundos…
inventam a rotina,
as preces que percorrem o vazio e seguem o rastro do que foi,
almejando através da fé um dia alcançá-lo…
e os mesmos cânticos que leva ao trilho que nos trouxe
ainda que a canção o incremente, tempo.
 
só o acaso seria o remédio
sentado ao lado de minha cama
eu daria a ele do que sobra para o futuro…
essa miríade de cadeiras.
waltz tadini

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