oração à escrivaninha da imaginação
escrivaninha da imaginação
onde perdura o meu perfume
traz de volta a excitação
tira-me da mente o volume
queime toda a burocracia
que houver, pode queimar
esses papéis só me esvaziam
e escravizam-me em meu lar
ainda que a névoa do dilúvio
faça eu não enxergar um tempo
e um nome completo e púrpuro
ela toda já é meu revestimento
você nunca adivinharia onde
podendo abrir e fechar a memória
você nunca encontraria a fonte
o fundo falso e a paranoia
seja você a própria chave ou não
e que do outro lado eu sempre veja
que sou eu quem nomeia a variação
onde o sonho cresce enquanto cresça
escrivaninha da imaginação
esse sereno não vai gripar
em função de cobertores no ouvido
se os olhos esquentarem à fritar
o pôr-do-sol será bem-vindo
e se por acaso a paz for integral
logo então eu morreria afinal
mesmo sem romper
mas indo até o envelope
eu só não juro porque é duro