Não sou uma pessoa que acredita em felicidade de tele-novela. Tem gente que empacota sonhos e deposita no fundo do armário. Sobrevivi à uma guerra que tentou saquear minha alma. Deixar sonhos pra trás está indiscultivelmente fora de cogitação. E embora felicidade não seja uma condição absoluta, minha liberdade é. Ser livre é muito mais vital e bem menos cabeludo do que ser feliz. Felicidade é consequência. Liberdade é escolha. Sou uma daquelas pessoas que insiste em não esquecer da própria história. Mandei á putaqueopariu essa amnesia-prescrita que vem embutida no século dos fast-feelings. Ela explica muito bem tanta melancolia catalogada:

Enxaqueca depressão neurose, e pra tudo isso lança-se tarja-pretas goela abaixo. Tudo prescrito pra essa amnesia que já é obrigatória no nosso catálogo de fracassos. O povo desmemoria, abandona, se paralisa para poder seguir adiante. Esquece-se tudo em prol de viver afogado em conveniências nada convenientes. A que custo? É tudo desculpa, tudo uma puta preguiça, covardia meu Bem, pra isso não existe outro nome. De dar uma bica no que já está estipulado e buscar uma nova alternativa. Esquecemos o mar de merda que tivemos que engolir durante um namoro porque nos disseram que o amor (essa tão citada palavra de quatro sílabas que ninguém sabe o que significa) deve aguentar a todo custo as agonias tenebrosas da convivência. Essa covardia ridícula de não virar a mesa de não mandar tudo á merda de ter medo da solidão impregna na alma. É uma grande de uma merda viver em pânico. Pânico de crescer. Meu Irmão, vivemos a infantilização dos séculos, é a pior das piores síndromes moderninhas de todas. Viramos montes de cagões sem hino nenhum. Tome suas decisões! Depois dê seu jeito de viver em paz com elas. Porque somos resultado das decisões que tomamos. E se não tomarmos nenhuma, na boa, a vida não presta pra nada. Ser livre é fazer o que se quer independente dos que os outros pensem. Pra mim, isso é Rock’n’Roll. Rock’n’Roll é ter coragem pra sair da sua área de conforto, é ser quem você é esteja no palco em que você estiver. Foda-se. Eu promovi a palavra Rock’n’Roll a adjetivo. E quem não gostar, de novo, só pra frisar, FODA-SE.

Sabe o que é Vida? Depois que a gente nasce e antes da nossa morte, ela acontece. Bem nesse meio tempo, que parece longo mas passa rápido que um peido, é quando temos que fazer alguma coisa por nós.

Durante a vida é que temos que perceber que qualquer coisa que você faça e que volte pra casa vazio, foi pura perda de tempo. Que nossos primeiros trinta anos de vida são ducaralho mas dos trinta pra frente é que a coisa realmente acontece, se você não deletou na amnésia- obrigatória os tropeços lá no princípio, porque são eles que te ensinam alguma coisa que preste. Que pensar é a maior aventura de todas. Que é preciso chafurdar no nosso baú de tragédias de vez em quando independente do cagaço do que vamos encontrar lá dentro. Durante a vida é que NOS DAMOS CONTA que sofremos mais com as coisas que imaginamos poder acontecer do que as que acontecem realmente. Que todo risco compensa, tem que se atirar. Que viajar pra Nova York é tudo de bom na vida mas mágico é se sentir feliz dentro do nosso quarto. Que é melhor ter paz do que ter razão, e nesse assunto eu afirmo: é mesmo mesmo. É durante a vida que nos que toda e qualquer escolha gera duvidas e que pra sempre seremos prisioneiros das suas consequências. E que ligamos passar pela vida como se não estivesse passando é um puta desperdício, e disso só vamos nos dar conta lá no fim. E ainda estamos falando do durante. Que ser feliz é um pacote, está incluso no lote do livre-arbítrio. “Serei feliz custe o que custar”. E pode acreditar, você será. A vida é isso: ou você segue, ou você segue.