Escritor, cronista, músico e jornalista, Luis Fernando Verissimo tem uma imensa importância na cultura do país. Em 2016, Luis completa 80 anos e o Livre Opinião – Ideias em Debate conversou com o autor sobre a sua carreira.
Em 1969, assinou matérias no jornal Zero Hora, com o sucesso da coluna lançou o livro A Grande Mulher Nua. A escrita continuou com Amor Brasileiro, As Cobras e Outros Bichos, Pega pra Kapput!. Criou o conhecido personagem Ed Mort e lançou os já clássicos O Gigolô das Palavras, O Analista de Bagé, A Velhinha de Taubaté, As Mentiras que os Homens Contam e As Mentiras que as Mulheres Contam. Contribui todas as quintas e sextas-feiras com crônicas no jornal O Globo.
Neste bate-papo com o Livre Opinião, Verissimo contou sobre literatura, música, a conjuntura política do país e a importância de, através das palavras, expor sua opinião. Confira abaixo.
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Este ano você completa 80 anos. O que diria hoje para o Verissimo estreante, que veio a publicar o primeiro livro aos 37 anos?
Eu provavelmente me surpreenderia com minha quantidade de cabelo e me aconselharia a evitar os advérbios, sempre que possivel.
Verissimo escritor, desenhista, músico – em qual dessas frentes de criação você sente mais pleno?
Eu não diria que ela me deixa mais pleno, mas prefiro a musica.
Você é considerado, entre outros destaques, um exímio criador de diálogos. Poderia nos contar como se constroem boas falas na ficção?
Obrigado pelo “exímio”, mas não tenho a receita. A dificuldade é fazer diálogos naturais que não firam demais a gramática, pois a gente normalmente fala “errado”..
Onde você encontra mais humor: na comédia da vida privada ou na comédia da vida pública-política?
Atualmente na vida pública, que ultrapassa qualquer ficção da vida privada em matéria de humor.
É famosa a sua timidez. O inferno, Verissmo, continua sendo os outros?
Inferno, mesmo, é quando nos passam a palavra.
Suas crônicas atravessaram vários momentos turbulentos de nossa história. Ao lermos o que você escreve, entendemos um pouco, direta e indiretamente, de nosso país. Em tempos atuais tão sombrios, o que você poderia nos dizer – revelar – por meio de sua literatura? Estamos enfrentando um novo golpe?
Não há dúvida que foi golpe. Quanto à nossa situação atual, só cabe expressar perplexidade, que não é um bom assunto literário.
Em sua recente crônica, “Questão de Semântica”, você diz: “Seria bom se as pessoas pudessem se encontrar, de vez em quando, com sua própria posteridade. Olhar um espelho mágico e ver como ficou sua imagem na História”. Qual o caminho do Brasil daqui a alguns anos? Alguma previsão?
Não tenho a menor ideia para onde estamos indo, mas não estou gostando do caminho.
Verissimo, como o próprio nome do site (Livre Opinião – Ideias em Debate) pode sugerir, deixamos este final da entrevista como um espaço livre para o artista desabafar, criticar ou colocar em debate uma ideia. Você tem algo a dizer?
Não desesperemos.
Para terminar, seis rápidas perguntas:
– O humor salva?
Não salva mas ajuda.
– Um personagem da literatura?
O grande Gatsby
– Uma imagem da infância?
O chafariz iluminado de uma praça. Mas não me lembro mais onde era.
– Livro preferido (escrito por você)?
“O clube dos anjos”
– John le Carré ou Agatha Christie?
Le Carré
– Música ou silêncio?
Silêncio,mas com música ao fundo.
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