A SAUDADE TORNA HERÁCLITO ESTÚPIDO
o que não damos
agora
pelo antes?
repetidamente damos
tudo o que temos
pelo que dorme
distante.
essa vontade de voltar
como quem acabou
de sair e espera
encontrar a porta
entreaberta ainda.
esse desejo de trocar
inclusive as possibilidades
que nos fitam à frente
pela certeza já finda.
esse ímpeto de mergulhar
com as roupas de antes
com o calor de antes
no rio de antes
que embora se mova
ainda nos convida
com a mesma fúria.
o que não damos
agora
pelo que já passou
da hora?