a cordilheira que nos invade
ao som do clube da esquina
jubilosa figura ametista
teus lábios são territórios carnívoros e neles
traduzo tua forma de ser no balanço da casa:
– língua de dois conjugados
jurados até os dias últimos
pacto de selo-carne
ungidos em unidade rock
nos pátios da visão devassa. –
invado teu quarto secreto
me alio ao venenoso do teu signo
decifro a temperatura do teu pescoço-abismo
envio envelopes com serpentes sedutoras.
tua música tem fome de elaborações murmurosas
os miados são consequência de agrados sigilosos
marcamos no calendário um truque contra o tempo
num lampejo súbito libertamos desatinos circulares.
fulgurantes e contaminados, nos fazemos cordilheira
nossa essência réptil … nossos rins vegetais …
transfiguramos a mata densa em lençóis brumosos
… brotou uma orquídea lilás no alto de nossas virilhas.
naquele cemitério de asas
roubamos um voo que estava encostado
desenhamos raízes aéreas para o pouso
saltamos sem medo sobre os ombros rochosos.