encontro-me natural, não há um
só dia que eu resista em migrar
seu nome pela minha carne
de água, entreabro deixo
que a escrita pulse aflita
um movimento pra baixo
esse traçado são hoje
poemas sagrados em mim
★
os dois floridos
nas suas roupas
ela balança a perna
e a sandália preta
quase escapa, ele
mexe o anel prata
de pedra cravada
a mesa entre eles
só separa fisicamente
cada gesto
cada poro
deles quer
urgente:
que a mesa seja cama
que o café seja manta
e o cabelo escorregue
pra frente
.
★
tenho os olhos de ver
suportam pouco mas
há outra vista que
ensaio: onde todo
movimento é em
câmera lenta e
todo barulho é
de fundo e tudo
se concentra no
olho de um gato
a vida um lampejo
que queima que
nunca atinge o
âmago da coisa
★★★