Nesta quarta-feira (26), o cantor e compositor Belchior completará 70 anos. Um dos maiores nomes da nossa música, Belchior transformou gerações. Para comemorar, o Livre Opinião – Ideias em Debate realizará diversas homenagens e depoimentos de artistas que tiveram a influência das letras e canções do trovador da MPB. Leia abaixo o depoimento do cantor e compositor Edvaldo Santana:

Chegou Alucinação e fiquei alucinado, de ouvido comecei a tirar os acordes, invoquei de cantar quase todas as canções por onde andava, era uma coisa muito forte que me tocou profundamente, aquela voz meio anasalada, baladas blues como nunca havia ouvido na música brasileira.

Aliás era um rapaz latino americano chamado Belchior artista nordestino, como meus ancestrais, que estava trazendo a boa nova para todos, com letras vivas e canções simples e belas, tinha se tornado nosso herói, tão fundamental que o saudoso grande ídolo do bairro Antonio Marcos, resolveu gravar uma de suas preciosidades, “Todo Sujo de Baton”. Privilegiado sou, digo sempre, pois como diretor de programação do MPA CIRCO em São Miguel Paulista (SP), em 1985, através de Helio Rodrigues, tive o prazer de conhecê-lo e trazê-lo pra cantar naquele espaço popular na periferia paulistana e constatar que a obra daquele caboclo cearense tinha encontrado eco na alma do povo, com o circo super lotado cantando suas canções com intensa alegria e muita satisfação.

Fui convidado para abrir com minha banda Matéria Prima um de seus shows em Campo Grande (MS) e fiquei encantado com o seu jeito de ser. Percebi que sua arte densa e fabulosa se fundia com uma pessoa de refinada sabedoria, que sempre tratou com muito respeito sua tribo.

Salve, Belchior. Grande irmão da arte e da vida.

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