A trajetória de Tomie Ohtake tem um quê de extraordinário. Como é possível uma mulher estrangeira, desprovida de grandes recursos financeiros, começar já perto dos quarenta anos, depois de criar seus dois filhos, a construir uma obra monumental, um “país”, parafraseando Júlio Cortázar que, ao escrever sobre a obra do belga Pierre Alechinsky, deu ao seu texto o título “Um país chamado Alechinsky”; um país, dizia, tão imponente quanto os “países” de Guimarães Rosa e Carlos Drummond de Andrade, Dorival Caymmi e Tom Jobim, Tarsila do Amaral, Lygia Clark e Volpi, entre outros tão belos, tão fecundos, tão atormentados? A palestra Tomie Othake – introdução rápida a uma obra extensa acontece no MASP, no sábado, 3 de junho, às 11h00, com Agnaldo Farias.
Tomie Ohtake (1913-2015). Pintora, gravadora, escultora. Vem para o Brasil em 1936, fixando-se em São Paulo. Em 1952, inicia-se em pintura com o artista Keisuke Sugano. No ano seguinte, integra o Grupo Seibi, do qual participam Manabu Mabe (1924-1997), Tikashi Fukushima (1920-2001), Flavio-Shiró (1928) e Tadashi Kaminagai (1899-1982), entre outros. Após um breve período de arte figurativa, a artista define-se pelo abstracionismo. A partir dos anos 1970, trabalha com serigrafia, litogravura e gravura em metal. Surgem em suas obras as formas orgânicas e a sugestão de paisagens. Na década de 1980, passa a utilizar uma gama cromática mais intensa e contrastante. Dedica-se também à escultura, e realiza algumas delas para espaços públicos. Recebe, em Brasília, o Prêmio Nacional de Artes Plásticas do Ministério da Cultura – Minc, em 1995. Em 2000, é criado o Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo.
Agnaldo Farias é professor da FAUUSP e Curador Geral do Museu Oscar Niemeyer, Curitiba. Foi Curador Geral do Instituto Tomie Ohtake (2000/2012) e do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1998/2000), e de exposições temporárias do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (1990/1992). Foi Curador Geral da 29a Bienal de São Paulo (2010), da Representação Brasileira da 25ª Bienal de São Paulo (1992) e Curador Adjunto da 23ª Bienal de São Paulo (1996). Também foi Curador Internacional da 11a Bienal de Cuenca, Equador (2011) e do Pavilhão Brasileiro da 54a edição da Bienal de Veneza (2011).