Texto do dramaturgo francês Pascal Rambert tem direção de Janaína Suaudeau e faz nova temporada na Oficina Cultural Oswald de Andrade

Foto João Caldas
Primeira direção da atriz franco-brasileira Janaína Suaudeau, TÉRMINO DO AMOR é uma peça sobre o fim de um relacionamento, tema bastante abordado e profundamente retratado em diversas obras. Neste espetáculo, que reestreia dia 5 de julho, quarta-feira, às 20 horas, na Oficina Cultural Oswald de Andrade, o diferencial é a forma como o tema é apresentado. O autor Pascal Rambert propõe um embate entre duas pessoas, um combate verbal entre o casal que está se separando.
Escrito para os atores franceses Audrey Bonnet e Stanislas Nordey, os personagens, por opção do autor, possuem os mesmos nomes dos atores. Nesta versão, traduzida (com colaboração de Clara Carvalho) e dirigida por Janaína Suaudeau, os atores são Carolina Fabri e Gabriel Miziara e, portanto, aqui os personagens se chamam Carol e Gabi. A montagem também conta com intermediação musical dramatúrgica (Drumaturgy) de Vinicius Calderoni.
A peça ganhou o grande Prêmio CNT (Centro Nacional de Teatro) de literatura dramática francesa em 2012, um ano depois de ter estreado com muito sucesso no festival de Avignon. TÉRMINO DO AMOR já foi traduzida para 20 línguas em cinco anos e esta é sua primeira montagem no Brasil
“O que mais me tocou quando eu li Clôture de l’amour pela primeira vez foi a poesia do Pascal Rambert. Neste texto, ele descreve o final de um relacionamento sob dois pontos de vista, sob uma verdadeira dialética. E ele o faz de forma inusitada, em versos livres e muito ritmados, como uma partitura de música”, comenta a diretora e idealizadora do projeto Janaína Suaudeau, que teve a ideia de incluir uma bateria na encenação.
Bateria em cena
TÉRMINO DO AMOR, como o título indica é o fim de uma relação amorosa. Um embate verborrágico e físico; ele começa, eu queria te ver pra te dizer que acabou, ela escuta. Segundo round começa, ela responde, você acabou?, agora é a vez dele escutar. Pascal Rambert propõe um canto à separação, onde as palavras batem, repercutem e muitas vezes morrem.
O cenário assinado por Ulisses Cohn traz três praticáveis, como se fossem três passarelas e cada uma delas é habitada por um ator. Desta forma, Carol fica de frente para a plataforma do Gabi e ao fundo, no terceiro praticável está uma bateria tocada pelo músico Pedro Gondom – que acompanha e impulsiona os personagens o tempo todo, como num repente. “O maior desafio para a encenação foi trabalhar o ritmo da fala e da escuta durante esses dois rounds tão distintos” completa a encenadora.
O encontro
Janaína Suaudeau conhecia a atriz Carolina Fabri e o ator Gabriel Miziara há 15 anos, desde que são contemporâneos no Teatro Escola Célia Helena. Janaína viveu alguns anos na França e toda vez que visitava o Brasil assistia às peças da Cia Elevador de Teatro Panorâmico, da qual eles fizeram parte. Pensou, então, em chamá-los para este projeto, pois precisava de atores que têm uma grande cumplicidade em cena, disponibilidade física e um grande domínio de textos verborrágicos, como podem ser textos de Koltès, Lagarce já encenados pelos dois atores.
Pedro Gongom, baterista, foi apresentado por Vinícius Calderoni. “O Gongom, além de ser um excelente músico, trabalhou anos com o Oficina, ou seja, ele é muito sensível ao beat dos atores. Um lindo trio nasceu”, analisa a diretora.
Janaína Suaudeau
Nascida no Rio de Janeiro de um pai francês e mãe brasileira, ela se forma com grandes nomes do teatro paulistano – Marcelo Lazzaratto, Ruy Cortez, Nelson Baskerville e Marco Antonio Rodrigues – no Teatro Escola Célia Helena. Muda-se para Paris em 2002 e segue o Cours Florent até 2004. De 2004 até 2007 forma-se no Conservatório Nacional Superior de Artes Dramáticas (CNSAD) com os professores Dominique Valadié, Andrzej Seweryn, Daniel Mesguish e Muriel Mayette. É dirigida por Tilly, Gildas Milin e Marcial Di Fonzo Bo durante seu último ano de formatura. Atua em várias montagens, entre as mais importantes La Ville de Martin Crimp, direção Marc Paquien; Strindbergman a partir das obras de Strindberg e Bergman com direção de Marie Dupleix; La Tempête…, de Shakespeare e direção Georges Lavaudant e Claire en Affaires, de Martin Crimp e direção Sylvain Maurice. No cinema interpreta o personagem principal no longa-metragem canadense Serveuses Demandées, de Guylaine Dionne, além de atuar em vários curtas-metragens, como Ils s’appelent tous Marlon Brando, de Mikael Buch; La Meute, de Elrina O’Brien, Bye, Bye Maman, de Keren Marciano e Cellule, de Arno Ledoux. Strindbergman vem ao Brasil em 2009, pelo Ano de França no Brasil e ganha o Prêmio de Melhor Estreia do Guia da Folha de São Paulo. Em 2012, são convidados para fazer parte da Mostra Strindberg produzida pelo SESC-SP. Em 2013, de volta ao Brasil, além de cuidar da produção de Não Se Brinca Com O Amor, também traduz esse clássico francês com colaboração de Clara Carvalho que estreia no ano seguinte com direção de Anne Kessler (sociétaire da Comédie-Française) no Teatro Aliança Francesa. Em 2015, é preparadora de elenco do longa metragem Tudo bom, tudo bem, direção Willy Biondani (produção Bossa Nova). Estreia o espetáculo Um poema cênico para Ferreira Gullar, direção Ana Nero no SESC Ginástico – RJ. Em 2016, estreia a peça No Coração das Máquinas, direção Rita Carelli na Oficina Oswald de Andrade e na Casa do Povo. É provocadora do espetáculo A Ultima Dança com Natalia Gonsales no Viga Espaço Cênico. Em 2017, torna-se assistente de direção de Nelson Baskerville no espetáculo Carmen, a partir do conto de Mérimée; estreia final de junho no Teatro da Aliança Francesa.

Foto Joao Caldas
TÉRMINO DO AMOR – Reestreia dia 5 de julho, quarta-feira, às 20 horas, na Oficina Cultural Oswald de Andrade. Idealização do projeto – Janaína Suaudeau. Texto – Pascal Rambert. Tradução – Janaína Suaudeau com colaboração de Clara Carvalho e Eloïse Morhange. Direção – Janaína Suaudeau. Elenco – Carolina Fabri, Gabriel Miziara e Pedro Gongom (bateria).Provocadora – Malú Bazan. Drumaturgy (interação musical dramatúrgica) – Vinicius Calderoni. Orientação vocal interpretativa– Lucia Gayotto. Estudo do movimento – Joana Mattei. Cenografia – Ulisses Cohn. Iluminação – Aline Santini. Figurinos – Isabela Teles. Fotografias – Carla Trevizani e João Caldas. Design gráfico – Bruno Gonçalves. Direção de produção – Janaína Suaudeau e Larissa Barbosa. Produção executiva – Larissa Barbosa. Temporada – Até 30 de agosto. Quarta e quinta-feira às 20 horas (dia 24 de agosto não haverá apresentação). Duração – 90 minutos. Indicado para maiores de 14 anos. GRÁTIS – Ingressos distribuídos uma hora antes.
OFICINA CULTURAL OSWALD DE ANDRADE – Rua Três Rios, 363 – Bom Retiro (próximo a estação Tiradentes do metrô). Informações (11) 3222-2662. Capacidade – 30 lugares. Horário de atendimento – Segunda a sexta-feira, das 9 às 22 horas e sábado, das 10 às 18 horas. http://www.oficinasculturais.org.br