Com dramaturgia e direção de William Costa Lima espetáculo traz 20 atores no elenco e faz apresentações gratuitas na Funarte SP

Do Ensaio para o Baile 2 – Créditos Alexandre Bassani

Uma escola pública na década de 1990 e quais são suas possíveis relações com o atual colapso educacional no estado de São Paulo mostrado nas recentes ocupações nas escolas estaduais no ano de 2015 é o ponto de partida da nova montagem do Pequeno Teatro de Torneado. Com dramaturgia e direção de William Costa Lima,DO ENSAIO PARA O BAILE estreia dia 7 de julho, sexta-feira, às 21 horas, na Funarte SP.

DO ENSAIO PARA O BAILE, que fez sua estreia nacional no Sesc Santo André, dá início à nova pesquisa do Pequeno Teatro de Torneado, a trilogia Colapsos Institucionais. Além da escola, primeira instituição que os jovens tem contato depois da família e tema da montagem, o grupo aborda as instituições hospitalares em Incandescentecom estreia em 2018 e as instituições presidiárias com Acassiopeia, que estreia em 2019.

Segundo a atriz e pesquisadora do grupo Isabela Marques, DO ENSAIO PARA O BAILE faz parte de uma trilogia que trata de temas latentes que pulsam reminiscências na sociedade e que estimulam o coletivo enquanto artistas, cujo trabalho resulta em um prazer em se incomodar. “Com essa trilogia, questionamos os lugares das instituições em nossa atual sociedade. Aqui a escola é a instituição investigada e o jovem é o corpo político/afetivo por onde essa narrativa passa”, conta ela.

Fábulas cotidianas

O eixo central da dramaturgia de DO ENSAIO PARA O BAILE retrata as trajetórias dos personagens que se desenvolvem em pequenas fábulas cotidianas encaminhadas para a importância que esses jovens dão para o baile de formatura da escola. O dramaturgo e diretor William Costa Lima explica que cenas fragmentadas de um cotidiano jovem anunciam o sentimento de expectativa pelo último momento de relação desses jovens com a instituição escola.

“Os diálogos são parte de uma dramaturgia que se completa no encontro com as outras linguagens presentes na encenação: nas relações políticas e temporais propostas pela narrativa áudio visual; na ampliação da percepção dos sentidos do texto visualmente dilatadas pelo movimento da dança; e no apontamento da realidade atual, caótica e complexa, proposta pelos seis números musicais”, completa William.

Com canções compostas especialmente para a montagem além de uma seleção de músicas da década de 90,DO ENSAIO PARA O BAILE tem como cenário apenas cadeiras e televisores antigos de tubo. “No momento em que resolvemos estancar as metamorfoses estéticas de nosso cenário, os aparelhos de TV se mostraram mais relevantes do que poderiam parecer inicialmente, pois a imagem chapada era também uma grande responsável pelas escolhas estéticas dos jovens, mas também da população de modo geral, durante todos os anos 90, já que a cultura não tinha tanta importância e tudo era pautado pela TV”, acredita o diretor.

Escola de teatro

Indicado ao Prêmio Shell de Teatro 2015 na categoria Inovação, pela formação de jovens na linguagem teatral e o compartilhamento dos resultados em diferentes espaços de São Paulo, o Pequeno Teatro de Torneado iniciou sua trajetória em 2005 e, aos poucos, foi constituindo uma filosofia e uma pedagogia próprias através de diversas experiências. Assim, a cada processo, seus artistas vão revendo seus pontos de amadurecimentos individuais e propondo lugares coletivos de contribuição para que o ritual teatro aconteça no máximo de suas potências. “Isto possibilitou que se formasse também a ética que hoje inspira nossos artistas a se reconhecerem não mais como um coletivo, mas sim como uma trupe”, diz William.

A filosofia e a pedagogia do Pequeno Teatro de Torneado priorizam uma arte artesanal, em toda a sua atenção, onde o tempo e a presença são fatores fundamentais para o torneamento de suas obras e processos educativos de formação de artistas. A ideia de trupe não sinaliza uma resolução no modo pelo qual esses artistas irão caminhar, e sim, constata a escolha por seguir operando a arte de maneira artesanal sem ceder aos maneirismos de cada época. Esse reconhecimento da filosofia constituída na Trupe estruturou os artistas do coletivo de modo que optaram pela abertura de uma escola democrática de formação em Teatro: a Escola Atemporal de Artes, localizada em Ribeirão Pires.

DO ENSAIO PARA O BAILE – Estreia dia 7 de julho, sexta-feira, às 21 horas, no Complexo Cultural Funarte SP (pré-estreia para convidados no dia 6 de julho, quinta-feira, às 21 horas). Com Pequeno Teatro de Torneado. Dramaturgia, Encenação e Músicas – William Costa Lima. Artistas/Criadores – Aguida Aguiar, Angélica Souza, Alexandre Manete, Emerson Macena, Gabriela Câmara, Higor Moura, Isabela Marques, Jefferson Ramalho, Jefferson Silva, Luiza Grillo, Maira Sera, Marc Strasser, Mariana Acioli, Marina Yohara, Mayara Sobral, Ramón Soares, Suzi Jardim, Thaís Moura, Thiago Andrade e Victor Luiz.Direção Musical – Pequeno Teatro de Torneado. Arranjos – Danilo Araújo. Preparação Vocal – Angélica Souza. Desconstrução Corporal – Erika Moura. Figurinos – Mariana Acioli. Iluminação e Cenário – William Costa Lima e Pequeno Teatro de Torneado.Voz do professor em áudio – Edgar Castro. Designer Gráfica – Patrícia Cividanes. Edição Audiovisual e Fotografias – Alexandre Bassani. Pesquisa Teórica e Redação de Conteúdo – Isabela Marques e William Costa Lima. Pesquisa Histórica – Mayara Sobral. Pesquisa Histórica Musical – Suzi Jardim. Operador de Iluminação – Ricardo Garcia. Operadora de Sonoplastia– Letícia Carmona. Direção de Produção – Bruna Rosa. Apoio – FUNARTE-SP. Realização – Sítio Cultural Alsácia. Duração – 60 minutos. Recomendado para maiores de 14 anos. Temporada – Até 30 de julho. Quinta-feira a sábado às 21 horas e domingo às 20 horas. GRÁTIS – Ingressos distribuídos com uma hora de antecedência.

Do Ensaio para o Baile 2 – Créditos Alexandre Bassani

COMPLEXO CULTURAL FUNARTE SÃO PAULO – SALA CARLOS MIRANDA – Alameda Nothmann, 1052 – Campos Elíseos. Telefone – (11) 3662-5177.  Capacidade – 80 lugares. Bilheteria – Abre uma hora antes da apresentação.