
Arte de Pavel Filonov
e a noite sempre é mais frio embora mais frio ainda se sei que vou te encontrar te encontrar não mais dentro de poemas descabidos ou de festas de olhares distantes você a me vigiar com olhos de leopardo eu a te vigiar com olhos de gata negra tão pequena tão pequena porque te engrandecia mas não mais agora tu és um bebê leopardo ou um adolescente que sem mapa usa as mãos buscando em meu corpo qualquer motivo pra voltar
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num arcabouço de tons ostento minhas flores vozes inúteis que se despedem roucas como quem saúda sóis amar e seus suicídios amar sem suicídios eu me despeço como quem sabe eu despeço tu despedes desapareço do jeito que fazem as sombras
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comove-me a solidão dos amantes em dias de feriado o resto de chá na xícara por já estar frio a marca do beijo no rosto da filha que logo sumirá o último pão mofado na sacola o patê que azeda por dias abandonado na geladeira a água parada sem animal pra bebê-la os lugares que nunca iremos a carne dentro da sopa o meu interfone que você não toca a minha camisa que você não vestirá aos domingos a língua que você não fala os dias de agosto
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