
Gustav Klimt – Pintura abstrata “Da Árvore da Vida” (1909)
tem chovido na cidade em que nasci é a mesma que fugi por esses dias de 2015 e não é algumas muriçocas vem até mim incomodando a minha solidão vagalumes me beliscam e já não estou tão só
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imagina que horror se a vida fizesse algum sentido sentada aqui penso em todas as coisas que se juntam entre os móveis e as paredes de nossas casas separadas
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para a querida Cris Estevão
a vida é essa coisa incrível um clichê vejam esses carros passando na pista molhada enquanto tomo uma cerveja do outro lado no bar passa um grande amor com seu grande amor um clichê vejam esses carros passando na pista molhada não não não esqueçam os carros esqueçam os carros pensem na ossatura dos carros dos carros não não não de quem tá dentro dele prestes a viver mais um acidente de guardanapo
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camus perguntou eu só respondi anos depois quando atravessava epitácio ruy carneiro e me vinha sempre a sensação de ser esmagada por um carro um bus foi ali só ali que sim camus perguntou
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a caneca de café com água suada me lembrou de repente o dia em que você disse ter se apaixonado por mim havíamos transado e inquietas na cama levanto e cato um livro na minha estante te leio um poema foi aí que você disse ter acontecido eu nunca pensei eu que sempre escondia esse meu jeito achando melancólico demais depressivo demais louco demais poetas não são tão felizes quanto músicos e atores e diretores de teatro de cinema nem se fala a caneca de café com água suada me lembrou de repente você escorrendo em minha mão me lembrou de repente todos os dias que se seguiram no mesmo teto no mesmo trem diferentes trilhas me lembrou de repente meses depois quando me ouvir ler um poema já era chato demais quando me ouvir falar de morte e suicídio já era insuportável demais quando eu já havia me tornado melancólica demais depressiva demais louca demais pra você poetas não são tão felizes quanto músicos e atores e diretores de teatro de cinema nem se fala e pra completar entendi você tinha muito mais pavor da morte do que eu (débora gil pantaleão).
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