Eu tentei estudar o amor com afinco, mas, tolo que sou,
desaprendi a amar, roí unhas e fantasias por ele.
Não foi por querer ou maldade minha, apenas senti
no osso, na pele, no nervo da alma, que amor também
machuca, deixa o corpo todo cicatrizado e com feridas
expostas, veias às mostras, um sangue a jorrar desesperos.
Fiz do amor um método de compreensão e dádiva, contudo,
remando contra as dores do coração, apaixonei-me amiúde,
tive amores que, definitivamente, dissecaram as esperanças,
jogaram na lata dos resíduos românticos a ideia de amar
outra vez, só que caí em tentação, lambuzei-me todo
do
prazer de mais um corpo em minha vida, beijei o calor da
insanidade, toquei os cabelos macios da satisfação, amei
em substâncias tóxicas a minha submissão ao gesto amar.