De um lado, poesia. Do outro, prosa. Dois autores que, geograficamente, ocupam polos opostos no Espírito Santo. Jorge Verly, cria de São Mateus, vem do Norte. Danyel Sueth é de Alegre, Sul do estado. Separados por mais de 400 quilômetros de distância e por gêneros literários distintos, eles têm em comum o fato de terem sido contemplados, no ano passado, pelo edital de literatura da Secretaria de Estado da Cultura (Secult-ES).
“Voz”, de Jorge Verly, e “Os Dalmarco”, de Danyel Sueth, integram agora a coleção “Safra ’17”, da Editora Cousa, e têm lançamento marcado para o próximo dia 15 de agosto (terça-feira), a partir das 19 horas, no espaço Cousa Bar Café, Centro de Vitória.
Na obra de Verly, que reúne 67 poemas, a temática central é a voz e suas polissêmicas possibilidades de leitura: a beleza da voz humana, a palavra escrita como corpo da voz, a voz individual do poeta, o diálogo com outras vozes poéticas. Dividido em três partes (“Voz”, “Outras vozes” e “Vocalise”), o livro tem como ponto de partida a ideia de que há uma voz silenciosa (mas bastante potente) por detrás das letras impressas no papel e que também constitui o poema. Com seus versos, Verly se lança na captura do sentido e da beleza (e também do horror) que há no ato de falar, vocalizar, emitir guturais sons ou delicados sussurros.
“Outra vertente da obra é o diálogo que, mais detidamente na segunda parte, empreende com alguns poetas (‘outras vozes’) que formaram ou deformaram a voz do autor. São jogos inter e transtextuais que compõem, para usar a expressão de Kristeva, o ‘mosaico de citações’ que alimentaram o poeta que, agora, também empresta sua voz aos textos que deverão chegar ao ‘ermo ouvido do leitor’”, ressalta Jorge Verly.
“Os Dalmarco”, por sua vez, marca a estreia de Danyel Sueth como romancista (muito embora sua experiência com as letras venha de longa data, como músico e também dramaturgo). Em seu primeiro romance, narra a saga de uma família consumida por uma revelação do patriarca, feita em seu testamento, de acontecimentos insólitos relacionados ao seu sucesso empresarial, dando início a uma história envolvente.
Com uma linguagem rápida e contemporânea, explorando ora o humor, ora o lirismo, a trama percorre o seio da boemia carioca, a vida no samba, a luxúria dos bordéis e mergulha em um mar turbulento de relações humanas complexas.
Em “Os Dalmarco”, Sueth expõe sem pudores a natureza humana, tão imperfeita quanto atraente. Imprevisível como a vida, a obra se aprofunda em investigações inerentes ao pensamento contemporâneo, numa roupagem quase cinematográfica. “Alguns temas importantes estão postos, como a discussão sobre a mulher e seus espaços, as relações familiares cada vez mais conflituosas, a cobiça e a inveja”, diz o autor.
Jorge Verly nasceu em 1981, em São Mateus (ES), onde mora. Licenciado em História, é mestre em Letras (Ufes, 2006) e doutorando em Letras (Ufes). Leciona História na rede estadual do desde 2000. Escreve e publica artigos e trabalhos na área de Estudos Literários em periódicos e livros, tendo especial interesse pelas interfaces entre a literatura e a música popular. Está concluindo uma tese de doutorado sobre o cancioneiro de Sérgio Sampaio à luz da filosofia de Theodor W. Adorno. Publicou, em 2014, o livro de poemas “Calendário”, editado pela Secult e fruto do edital do Funcultura de 2013.
Danyel Sueth nasceu em 1982, em Bom Jesus do Itabapoana (RJ). Reside no município de Alegre (ES) há mais de 14 anos. Formado em Direito pela Faculdade de Direito de Cachoeiro de Itapemirim, é advogado, dramaturgo e ator. Como músico, é guitarrista e vocalista da banda Estado de Sítio, com a qual já lançou os álbuns “Aparências” (2006) e “Estiagem” (2017). No ano passado, estreou ainda um projeto musical solo, chamado Voxer.

Jorge Verly e Danyel Sueth
Lançamento dos livros “Voz”, Jorge Verly, e “Os Dalmarco”, Danyel Sueth
Quando: terça-feira, 15 de agosto, a partir das 19 horas
Onde: Cousa Bar Café, Rua Sete de Setembro, 415, Centro, Vitória.
Quanto: R$ 20, cada um dos livros.