Editora Cousa completa 8 anos com festa no Centro de Vitória

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O escritor e editor Saulo Ribeiro e o designer Gustavo Binda, sócios da Editora Cousa (Crédito: Tiago Zanoli)

Neste mês de outubro, a Editora Cousa completa um ciclo de oito anos. Para celebrar a data, uma festa vai reunir música, cerveja artesanal, cafés especiais e, claro, muitos livros, que serão vendidos com preço especial. O evento acontece nesta quinta-feira, dia 19, a partir das 19 horas, no Cousa Bar Café, Centro Histórico de Vitória.

“Vai ser uma festa simples, ocupando a rua, como sempre fazemos. Terá show com os músicos Edivan Freitas e Jonias Feli, uma feira de livros da editora com preço especial e a entrega do Prêmio Tartaruga”, antecipa o escritor e editor Saulo Ribeiro, à frente da Cousa desde o princípio.

O Prêmio Tartatura é um misto de brincadeira e homenagem aos autores de alguma forma ligados à editora, já tendo sido publicados ou não pela Cousa. Entre os “indicados” então aqueles que anunciaram a conclusão de obras que ainda não foram para o prelo e também os que, embora escrevam bem, ainda não tiveram nenhum livro publicado.

“A curadoria é minha e da Brunella Brunello [escritora]. Eu estou indicado também, pois estou dando por finalizado meu romance [Os Incontestáveis] há três anos e até agora não publiquei”, diz Saulo. A “estatueta” foi desenvolvida em impressora 3D por Gilmar de Souza Tulli, proprietário da Tulli Cópias, que também funciona no Centro. “É engraçado porque não dá para saber ao certo se ele colocou ali uma tartaruga ou um jabuti”, completa.

A editora – A Cousa é uma das principais editoras de livros em atividade no Espírito Santo, com mais de 120 obras publicadas ao longo de sua trajetória de trabalho. Tem a maior parte de seu catálogo dedicado à literatura produzida em terras capixabas, difundindo autores já consagrados e estreantes, com publicações já indicadas para o vestibular da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), além de constar em bibliografias de programas de pesquisa em diversas instituições de ensino no Brasil e no exterior.

Apesar do foco em literatura local, também lança autores de outros estados, atuando em intenso intercâmbio com outras pequenas editoras e ações literárias, principalmente na Bahia, em Minas Gerais e em São Paulo.

Escritores de outros países também compõem o catálogo da editora. Oração, texto teatral do renomado dramaturgo espanhol Fernando Arrabal, é um dos exemplos, em edição bilíngue. Além disso, em duas ocasiões a Cousa foi premiada no Prosur, um programa de tradução e difusão de autores argentinos promovido naquele país. Primeiro em 2014, com Espécie, dramaturgia de Sebastián Huber, com tradução de Rafaela Scardino; depois em 2015, com O assassino dos porcos, antologia de contos de Luciano Lamberti, com tradução de Wladimir Cazé.

A difusão e comercialização de conteúdos digitais caminha junto com a produção de livros físicos, confeccionando as obras também em formato e-pub e distribuindo nas principais lojas virtuais do país (Saraiva, Google, Apple, Amazon, entre outras).

Está sediada na Rua Sete de Setembro, no coração do Centro Histórico de Vitória, em um pequeno e charmoso bar-café, onde realiza saraus, lançamentos e outras ações de divulgação e debate.

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O escritor e editor Saulo Ribeiro e o designer Gustavo Binda, sócios da Editora Cousa (Crédito: Tiago Zanoli)

Entrevista com Saulo Ribeiro

Como nasceu a Editora Cousa?

A Cousa começou com Rodrigo Caldeira [poeta] e seus livros artesanais de exemplar único. Eu coloquei a editora na era industrial, para desgosto dele. Mas talvez a gente retorne para isso um dia. O primeiro livro, lançado em outubro de 2009, foi com o texto dramatúrgico de uma peça minha e do Vinícus Piedade, intitulada Cárcere. A gente tinha essa necessidade de dar vazão à nossa produção inicialmente, depois tudo foi acontecendo, os livros foram surgindo.

Quais eram os objetivos no início? Conseguiram alcançá-los?

A partir de Cárcere, foram surgindo novos projetos e novas publicações. A Cousa começou a bancar os livros. Com a crise, nós nos endividamos muito e começamos a prestar serviços editoriais. A editora cresceu, e o designer Gustavo Binda acabou se tornando um dos associados. Com uma nova crise, muitas livrarias foram fechadas. Então decidimos montar nosso bar-café para dar visibilidade e vazão para os nossos projetos. Queremos continuar fazendo livros e temos nos adaptado a cada momento complicado. Acho que as coisas podem ficar piores. Por isso, novas soluções precisam surgir. O Cousa Bar Café é uma iniciativa que tem dado certo. Tem cerveja artesanal, café especial, livros nossos e de parceiros. A programação tem dinamizado muito a divulgação do catálogo da editora e de nossa literatura. É coordenado pela Natielly Nobre. O Renato Davoli trabalha lá e tem sido um valente divulgador dos livros também. Ao longo de sua trajetória, a Cousa ganhou muito parceiros.

O que foi mais marcante nesses oito anos?

Cada livro é marcante. Cada projeto. Gosto da ideia de sermos pequenos no cenário nacional, mas termos em nosso catálogo uma obra de alguém do porte de Fernando Arrabal, que foi traduzido por Wilson Coêlho [escritor e dramaturgo], por exemplo. Nos próximos meses teremos o argentino Luciano Lamberti, com uma antologia de contos traduzida por Wladimir Cazé [poeta e tradutor]. Também vamos publicar um livro do baiano Roque Ferreira [cantor e compositor, parceiro de nomes como Paulo César Pinheiro e Martinho da Vila]. Fora isso, lançamos muita gente boa do Espírito Santo, desde autores iniciantes a veteranos do quilate de Bernadette Lyra e Paulo Roberto Sodré, entre outros.

Que lacuna, em relação à produção literária e ao mercado editorial, a Cousa conseguiu preencher no Espírito Santo?

A editora surgiu no mesmo ano da morte de Miguel Marvilla [poeta e contista], que foi o editor da Flor & Cultura. Marvilla trouxe um novo padrão de qualidade para os livros feitos no Espírito Santo. Nós continuamos essa busca por qualidade editorial e avançamos no quesito distribuição. Hoje os livros saem em formato papel vendidos em nossa loja física e virtual, e também por parceiros. Temos ainda os ebooks que estão à venda nas principais lojas do país. Acho que criamos um local de referência para a produção literária no Espírito Santo e um diálogo dela com gente interessante fora do estado.

Qual é o maior desafio para se manter uma editora, tanto no Espírito Santo quanto em outros estados.

O fluxo de caixa. Não estamos conseguindo bancar os custos com venda de livros. É muito dinheiro investido em designer, assessoria de imprensa, mídias digitais, contabilidade, impostos, aluguéis, produtos de limpeza etc. Precisamos vender serviços editoriais e captar recursos com projetos para sobreviver.

Que avaliação faz da editora, passados esses oito anos?

Todo ano queremos fechar a Cousa. E todo ano nós arrumamos alguma novidade e acabamos expandindo o catálogo. Somos hoje a maior editora de literatura do estado. Olho para a minha sala e morro de rir ao ver o quanto nossa estrutura é improvisada e pequena. Tem gestor que diz que nós somos um modelo de eficiência. Não sei. Acho que ainda estamos brincando de fazer livros. Se eu não abrir as pastas do contador e das contas, é isso que penso. Fazer livro só da prazer se brincarmos com o processo.

E os próximos passos?

Vamos fechar no próximo ano (risos), mas buscar uma forma de dobrar o catálogo mantendo qualidade, como sempre fazemos.

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O escritor e editor Saulo Ribeiro e o designer Gustavo Binda, sócios da Editora Cousa (Crédito: Tiago Zanoli)

 

Cousa 8 Anos

Show com Edivan Freitas e Jonias Feli, chope Brüder, cafés especiais, feira de livro e entrega do Prêmio Tartaruga

Quando: quinta-feira, 19 de outubro, às 19 horas

Onde: Cousa Bar Café, Rua Sete de Setembro, 415, Centro Histórico de Vitória

O evento é aberto ao público

 

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