Clássico do horror é homenageado em sua terra natal

 

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Bela Lugosi em ‘Drácula’ (1931)

O dia das bruxas pode não ser uma data ainda muito popular no Brasil, mas em diversos países da Europa e nos Estados Unidos o Halloween é levado a sério. A celebração do último dia de outubro está associada a festas à fantasia, terror, assombrações e histórias horripilantes. Sendo assim, não é à toa que essa época é a escolhida para realizar um festival dedicado ao autor de um dos personagens mais icônicos e imortais – literal e figurativamente – do mundo, o Conde Drácula de Bram Stoker. 

O autor irlandês é homenageado em seu país de origem este mês no Festival Bram Stoker, que acontece de 27 a 30 de outubro em Dublin, capital da Irlanda conhecida por seus pubs, pela encorpada cerveja Guinness e por ser berço de outro famoso autor, James Joyce. O festival acontece todos os anos em um momento apropriado, antecedendo o Halloween, e inclui atrações tanto divertidas como culturais. Isso pois o autor e seu romance  Além disso, fazem parte da herança literária única da cidade, junto com os clássicos de Joyce, como The Dubliners e Ulisses, e de Oscar WIlde, que mesmo sendo mais conhecido como escritor e dramaturgo inglês, também nasceu em Dublin. 

Os fãs de literatura gótica que estiverem na cidade europeia durante esses dias poderão desfrutar de eventos como uma homenagem teatral à era dourada do horror de rádio clássico, encenações ao vivo de contos de terror de seis escritores locais, um tour a pé pelas antigas ruas de Dublin guiado por áudio e outro pelo cemitério de Glasnevin. Este último inclui uma visita aos túmulos mais famosos e que inspiraram o autor, e é seguido de uma sessão de contação de histórias em um dos mais tradicionais pubs irlandeses, o Gravediggers. 

Ainda estão incluídos no festival um espetáculo chamado “We Are The Monsters” (Nós Somos os Monstros), que traz uma experiência imersiva sobre o monstro dentro de todos nós e o show de comédia “Camp Dracula” encenado pelo comediante irlandês Al Porter. Também haverá uma festa de Halloween com proeminentes músicos locais, incluindo nomes como Lisa Hannigan, Saint Sister, Paddy Casey, Saoirse Casey, Niamh Farrell, Adam Matthews, e um desfile para terminar, organizado pela companhia de espetáculos Macnas, chamado “Memory Song” (Canção da Memória). 

 

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Bram Stoker

Para quem não estiver na Irlanda e não pode desfrutar do festival, essa é uma boa oportunidade para mergulhar no romance do autor responsável pela roupagem moderna da figura do vampiro e sua popularização, especialmente por este ano marcar o 120º aniversário da obra. Lançada em 1897, ela transformou-se na mais famosa das histórias de vampiro do mundo, inspirando outros autores e servindo como base para diversas produções artísticas, como peças teatrais, séries de TV e mais de 30 filmes. O primeiro deles foi o alemão “Nosferatu”, de 1922, mas o mais famoso e clássico ainda é o longa de 1992, dirigido por Francis Coppola e estrelado por Anthony Hopkins, Gary Oldman, Winona Ryder e Keanu Reeves. 

O personagem criado por Bram Stoker é tão forte que até hoje são feitas adaptações da obra. A cinematográfica mais recente consistiu no filme “Drácula: A História Nunca Contada” de 2014. Já no teatro, o Pittsburgh Ballet Theatre, nos EUA, apresenta este final de semana sua versão da história desse triângulo amoroso macabro, com coreografia de Ben Stevenson, figurino de Judanna Lynn e música de Franz Liszt. 

Outro evento interessante será realizado no Reino Unido dia 8 de novembro, em que o sobrinho-neto do romancista irá falar sobre Bram Stoker na galeria de arte de Vale de Glamorgan, uma vila no oeste da Inglaterra. A palestra “Stoker sobre Stoker, Os mistérios por trás da escrita de Drácula”, combina os detalhes da história do conde com a vida familiar de Stoker e sua vivência em Dublin e Londres. Um livro homenageando os 120 anos de Drácula também foi idealizado em março deste ano. O trabalho reúne histórias de 45 escritores do Pará e culminou no projeto “Vampiro: um livro colaborativo”, que está em pré-venda online até alcançar a meta de financiamento coletivo estabelecida. 

Drácula foi o quinto livro publicado por Abraham Stoker, um romancista formado em Matemática pelo Trinity College em Dublin  já estabelecido e maduro, aos 50 anos. A narrativa usa de um recurso retórico relativamente novo na época. Ela tem o formato epistolar, isto é, a história é contada através de diários, cartas, telegramas, notícias, documentos, tudo para parecer mais real e plausível, mesmo que o assunto trate de um ser mítico, além de adicionar mais suspense ao enredo. A obra foi recebida com certo receio pela crítica em seu lançamento.

O livro tem um estilo gótico e traz imagens noturnas e sombrias, e uma atmosfera cheia de mistério envolvendo o conde Drácula, que dizem ser inspirado em Vlad o Impalador, antigo e sádico príncipe da Valáquia, atual Romênia. A história traz também um retrato histórico daquele tempo, apresentando costumes e tradições de Londres da época vitoriana. Sem dúvidas um clássico, cuja influência permanece até hoje além do reino das letras, mas está enraizada na cultura e imaginário popular, ainda trazendo arrepios para muitos que ousam desbravar as páginas escritas por Stoker há 120 anos.

 

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