Duído é que se sente os pés no chão
e
Asas de anjo descansando no Sol
das calçadas quentes na madrugada
e
Cachorros latindo para uma parede de concreto
e
O óleo quente fritando pasteis de carne na feira
quando a gente sonhava
com geladeiras inox e fogões de cinco bocas
e
Chaveiros de pelúcia, dentes com alface
e
os vestidos rasgados no final das festas
O Espumante quebrando no chão da cozinha
e
Os parentes rasgando a asa de frango
e
a gente vai correr daquela porta pra fora
Acender velas
e
deixa-las nas escadas
dos prédios, com um vinho
de cinco reais e um maço de oito e noventa
e
vamos comemorar o fim do mundo
no último dia do ano
e
engoliremos as espinhas de peixe
Choraremos na porta dos fast foods
e
nada nos impedirá de se beijar
deitados na encruzilhada
entre nossos corações
cheios de papéis velhos de cadernos tilibra
e
escrever com a bic azul seu nome
que era difícil lembrar a ordem dos Y e L’s
Porque a vida é um jogo do bicho
Um taró na mesa do bar
e
os búzios na mesa do truco
com a cerveja quente no copo suado
Na mesa de plástico, e os mercados fechados
e
as sacolas de plásticos flutuando
Pelas marés do vento cheios de monóxido de carbono
e as sacolas cinzas, a poluição sonora
Os deuses morrendo por culpa do buraco na camada de ozônio
e
Os anjos caindo lá de cima por culpa dos baycons e cigarros Marlboro
e
A gente dança nu porque hoje eu irei beber um vinho
e
Os vizinhos olharão de maneira vil conosco
e
Lembrar de tirar as cuecas e calcinhas no box
e
Dormir nos braços seus de Vênus,
teu hálito de mentos
e
Toda noite a novela passando depois
do jornal como um dia comum
e
Talvez amanhã possamos dizer que há paz no mundo.
★★★★★★
★★★★★★
Livre Opinião – Ideias em Debate
jornal.livreopiniao@gmail.com
Quer ficar por dentro de tudo o que acontece no Livre Opinião – Ideias em Debate? É só seguir os perfis oficiais no Twitter, Instagram, Facebook e Youtube. A cultura debatida com livre opinião