Com direção de Rogério Tarifa, a encenação narra a trajetória de homens e mulheres que vivem ou viveram no cárcere por meio de cantos, cenas, depoimentos, solos de dança e personagens; a apresentação conta com participação especial da cantora sul-africana Ndu Siba, ex-detenta da Penitenciária Feminina da Capital
De 23 a 25 de fevereiro (sexta-feira a domingo), o Itaú Cultural recebe a minitemporada de Inútil Canto e Inútil Pranto Pelos Anjos Caídos, espetáculo dirigido por Rogério Tarifa e apresentado por atores da Turma 66, da Escola de Arte Dramática (EAD/USP). Com título homônimo ao conto escrito em 1977 pelo poeta, escritor e dramaturgo Plínio Marcos (1935-1999), a obra narra os últimos momentos da vida de 25 homens enclausurados em uma cela de presídio, mortos queimados durante uma rebelião. A obra é inspirada em fato verídico ocorrido em Osasco, SP. A série de apresentações integra o novo formato da programação do Itaú Cultural, que passa a oferecer ao público apresentações alternadas de peças, espetáculos de dança e shows em minitemporadas de quatro dias.
Na dramaturgia assinada pelo elenco e Jonathan Silva, Raquel Parras e Rogério Tarifa, o espetáculo contém, ainda, os textos Barrela, escrito em 1959, e Mancha Roxa, de 1989, ambos de Plínio Marcos. Lançam e ampliam, assim, o debate sobre os cárceres masculino e feminino. Para a cena, os textos foram transformados em música e são cantados em coro por 19 atores e atrizes, acompanhados por quatro músicos violonistas.
Apresentado pela primeira vez em outubro de 2017, na própria EAD, este segundo trabalho feito em parceria entre a Escola de Arte Dramática e o diretor Rogério Tarifa – o primeiro foi Canto para Rinocerontes e Homens, vencedor do prêmio Aplauso Brasil de melhor espetáculo de grupo – questiona quando os seres humanos vão concretizar na sociedade conceitos tão caros como liberdade, igualdade, justiça e democracia. A proposta é que atores, atrizes, músicos e público ocupem a mesma roda, inspirados por Plínio Marcos, para quem o teatro só faz sentido quando o palco é uma tribuna livre, onde se possa discutir até as últimas consequências os problemas do mundo.
Montagem
A ideia de Rogério Tarifa em trabalhar no palco a temática do encarceramento no Brasil foi aguçada no início do ano passado, quando explodiram os levantes em presídios de vários estados do país. Foi o suficiente para o diretor, já conhecido por seus trabalhos na Cia do Tijolo e na Cia São Jorge de Variedades, apostar nesse conto de Plínio Marcos que narra uma rebelião ocorrida nos anos 1970 na cidade de Osasco, por presos que viviam em condições sub-humanas. No texto, os detentos que ainda esperavam julgamento, após se rebelarem por melhores condições botando fogo em colchões, morrem violentamente queimados.
Para a montagem dessa narrativa em um ato-espetáculo-musical, Tarifa contou com a direção musical de William Guedes e composições de Jonathan Silva, responsáveis por musicar o texto. Eles deram a Inútil Canto e Inútil Pranto Pelos Anjos Caídos uma versão cantada em coro por 19 atores, além da cantora Ndu Siba, sul-africana e ex-detenta da Penitenciária Feminina da Capital, que integra o elenco como convidada especial.
A mestre em butô Marilda Alface preparou corporalmente o elenco a partir das técnicas da dança japonesa surgida no pós-guerra e que teve Kazuo Ohno como um de seus expoentes. O resultado é um espetáculo que denuncia as condições precárias e complexas dos cárceres brasileiros e a política de encarceramento em massa da população mais desfavorecida socialmente.
Novidades em cênicas e audiovisual
Procurando atender às demandas do público, o Itaú Cultural mudou o formato de sua programação. As peças teatrais, antes apresentadas às terças-feiras, passam a ser realizadas em minitemporadas aos finais de semana. De quinta-feira ou sexta-feira a domingo, o instituto apresentará sempre uma atração teatral ou musical.
A partir de março, o instituto aposta, ainda, em atividades que vão além das apresentações e investem na formação e reflexão sobre o fazer teatral, mantendo a ação Camarim em Cena e estreando uma parceria com o site Teatrojornal, que todo último domingo do mês realizará no instituto o Encontro com o Espectador. Além de cênicas, o instituto amplia sua grade como mais um espaço dedicado ao cinema, com ênfase na produção nacional exibindo filmes e outras ações formativas do audiovisual, sempre às terças-feiras.
Rogério Tarifa é formado pela Escola de Arte Dramática de São Paulo (EAD-ECA-USP). Diretor, ator, dramaturgo e cenógrafo, ganhou o prêmio Shell na categoria Cenário e foi indicado na categoria Direção com o espetáculo Cantata Para Um Bastidor de Utopias. É integrante da Cia São Jorge de Variedades há 17 anos, da Cia do Tijolo há nove anos e do Teatro do Osso há três anos. Seus últimos trabalhos como diretor são: Inútil Canto e Inútil Pranto pelos Anjos Caídos, Ópera Urbe Peste Contemporânea, Canto Para Rinocerontes e Homens, São Jorge Menino, Condomínio Nova Era, Barafonda, Rotatória, Coração dos Teatros Rodantes e Concerto de Ispinho e Fulô.
William Guedes formou-se em composição e regência pela Unesp em 2001, e no ano seguinte participou do curso Cánticos Cantigas e Cantos, sobre interpretação da música antiga na Universidade de Santiago de Compostela, na Espanha, e fez aperfeiçoamento para regentes corais na ECA/USP, em 2003. Desde 1993, o diretor musical vem trabalhando como regente de coral, atuando à frente de diversos grupos. Em 2005 começou a trabalhar junto a alguns dos mais importantes grupos de teatro da cidade de São Paulo, atuando como instrumentista, compositor de trilhas sonoras, diretor musical e preparador vocal. Em 2009 conquistou o Prêmio Shell e o Prêmio CPT de teatro na categoria Melhor Música, pelo espetáculo Concerto de Ispinho e Fulô. Em 2014 conquistou o Prêmio Shell na categoria Melhor Música, pelo espetáculo Cantata para um Bastidor de Utopias.
Jonathan Silva é compositor e músico natural de Vitória – ES e reside em São Paulo desde 1999. Tem três CDs autorais lançados: NECESSÁRIO, de 1996, BENEDITO, de 2008, e Precisa-se de Compositor com Experiência, de 2015. Suas composições misturam as linguagens do Congo, Samba, Jongo e Baião com influências da vanguarda paulistana, como Itamar Assumpção e Grupo Rumo. Atua como compositor junto às companhias de teatro Cia do Tijolo e Cia São Jorge de Variedades. Foi premiado em 2010 pelo Prêmio Shell e Prêmio da Cooperativa Paulista de Teatro pelas composições projeto musical no espetáculo Concerto de Ispinho e Fulo, com a Cia do tijolo. Ganhou o Prêmio Shell de música com a peça Cantata para um Bastidor de Utopias. Com a Cia. São Jorge tem parceria desde 2007, ocasião de criação do espetáculo O Santo Guerreiro e o Herói Desajustado.
Ficha técnica
Texto original: Plínio Marcos
Dramaturgia: Jonathan Silva, Raquel Parras, Rogério Tarifa e Elenco
Direção: Rogério Tarifa
Direção Musical e Preparação Vocal: William Guedes
Composição Geral: Jonathan Silva
Música Nascedouro, de Raquel Parras
Música Samba Contra a Redução da Maioridade Penal, de Mumu de Oliveira Ley
Cantora Convidada: Ndu Siba
Músicos: Evandro Cavalcante, Giorgio Arthur Passerino, Jonathan Silva,
Rafael Heffer Cavaletti, Victor Mendes, William Guedes e Yuri Carvalho
Direção de Movimento: Marilda Alface
Parceria Poética: Isabel Setti
Desenho de Luz: Rafael Souza Lopes
Operação de luz: Nara Zocher e Vinícius Bogas
Cenotécnica: Zito Rodrigues e Nilton Ruiz Dias
Direção de Arte: Andreas Guimarães, Mirella Façanha e Rogério Tarifa
Figurino: Andreas Guimarães, Mirella Façanha, Rogério Tarifa e Elenco
Orientação de Figurino: Silvana Carvalho
Exposição Fotográfica: Sérgio Silva
Fotos: Sérgio Silva
Projeto Gráfico: Walmick Campos
Ilustrações: Mirella Façanha
Elenco: Alessandro Marba, André Cézar Mendes, Binho Cidral, Camila Cohen, Danilo Martins, Darília Lilbé, Evandro Cavalcante, Fernanda Brandão, Hélio Toste, Inayara Iná Samuel, Julio Silvério, Lilian Regina, Luiz Felipe Bianchini, Luiza Romão, Maria Eduarda Machado, Mirella Façanha, Raquel Parras, Romário Oliveira, Walmick Campos
Inútil Canto e Inútil Pranto pelos Anjos Caídos
23 e 24 de fevereiro (sexta-feira e sábado), às 20h
25 de fevereiro (domingo), às 19h
Duração: 140 minutos
Classificação Indicativa: 14 anos (cenas de violência e nudez com exibição de órgãos genitais)
Interpretação em Libras
Sala Itaú Cultural (224 lugares)
Entrada gratuita
Distribuição de ingressos:
Público preferencial: 2 horas antes do espetáculo (com direito a um acompanhante)
Público não preferencial: 1 hora antes do espetáculo (um ingresso por pessoa)
Estacionamento: Entrada pela Rua Leôncio de Carvalho, 108
Se o visitante carimbar o tíquete na recepção do Itaú Cultural:
3 horas: R$ 7; 4 horas: R$ 9; 5 a 12 horas: R$ 10.
Com manobrista e seguro, gratuito para bicicletas.
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Acesso para pessoas com deficiência
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