Em show e livro, Badi Assad convida para uma volta ao mundo por 80 artistas da música de todos os continentes

O livro publicado pela Pólen Livros e o show serão lançados em 13 de abril na Casa de Francisca ; Obra traz 80 crônicas sobre artistas que marcaram os 25 anos de carreira da violonista e cantautora

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O livro “Volta ao Mundo em 80 Artistas” de Badi Assad, com lançamento marcado para o próximo dia 13 de abril, é o resultado de mais de dois anos de pesquisa e uma vida inteira entrelaçada. Com edição da Pólen Livros, o lançamento da obra com 80 crônicas de artistas que marcaram os 25 anos de carreira da violonista e cantautora ocorre na Casa de Francisca, com uma apresentação musical acompanhada pelo músico e produtor Craca.

A escrita teve início, segundo a autora, quando ela foi convidada a inventar sua própria coluna para o blog e revista impressa da TOPMagazine. Em dois anos, ela dedicou-se à pesquisa e ao olhar cuidadoso sobre diversas obras, a fim de promover ao leitor a experiência de conhecer artistas ao redor do mundo também a partir da própria história.

“Foram dois anos escrevendo, mas como muitas das histórias são entrelaçadas com minha própria vida, o livro levou praticamente uma vida inteira para ser escrito. Minha ‘pseudo autobiografia’ é inserida na medida em que desvendo como fui influenciada e como fui ‘moldada’ por esses artistas. Se houve algo que me marcou mais profundamente, posso dizer que tenha sido a percepção de que minha jornada é realmente o resultado de tudo o que vivi. Não há a quem ‘culpar’ pelo decorrer de minha trajetória, senão às minhas próprias decisões e escolhas. E isto é um ato de libertação”, define Badi Assad.

Com as experiências de Badi Assad, o livro passou a ser não somente uma homenagem aos artistas, de cantos, etnias e épocas distintas, mas também uma forma de registrar sua admiração e suas próprias influências, assim como desvendar-nos o impacto que todos tiveram em sua jornada pessoal. Foram eles que, afinal, a moldaram como cidadã do mundo. Alguns servindo como fonte inspiradora; outros, criando histórias reais de trabalho e vida; mas todos se encontrando em um lugar comum e seguro, que é o universo afetivo da própria Badi.

De acordo com o prefácio do livro, assinado pelo artista Chico César, esta volta ao mundo não é exatamente sobre música, músicos ou musicistas, mas sobre a vida, múltipla e em uma experiência diversa.  “Seu olhar cheio de afeto e alteridade nos faz vislumbrar a humanidade dos artistas sobre os quais escreve, como se assim fizesse uma ode ao amor pelo ser humano e pelo que levou esses homens e mulheres de tão diferentes partes do globo a se traduzirem e se expressarem em música”, disse o músico.

Show de lançamento

Inovando no formato, desta vez Badi faz um show de lançamento do próprio livro e mescla a música com a literatura. Com o mesmo título do livro, o espetáculo traz no repertório músicas autorais e releituras. Obras que Badi regravou em seus 15 CDs, em mais de 25 anos de carreira, e outras compostas por ela, mas que foram inspiradas e influenciadas por artistas como Tori Amos, Ani DiFranco, Lenine, Uakti, Larry Coryell, entre outros.

Para a composição do espetáculo Badi chamou o premiado músico e produtor  Craca, que traz sua experiência em projeções orgânicas de vídeo, ao vivo. Como um dos artifícios para ilustrar o livro em cena, Badi convidou alguns artistas – presentes e não presentes no livro – para participarem, através do uso de suas imagens projetadas ou de suas vozes gravadas. Badi assim contracenará com eles, regida sob a batuta de Craca, que servirá como um grande maestro entre o mundo virtual e o acústico. O resultado musical do show será, por si só, também um reflexo da mescla de linguagens, quando  o universo eletrônico de Craca comporá texturas para a organicidade do som de Badi.

“Ao longo desses mais de 25 anos de carreira, o show veio sempre para acompanhar o lançamento de um CD. Como neste momento o que tenho é um livro, minha produtora Nancy Silva sugeriu a criação de um espetáculo para justamente acompanhar este lançamento. A princípio relutei um pouco, mas em menos de um dia eu já estava convencida de que este caminho seria muito bom. Sendo assim, convidamos o produtor e músico Craca para participar com seus eletrônicos, inclusive cuidando das projeções que serão feitas organicamente ao vivo, por ele. A diretora teatral Cintia Alves também trará sua ampla e talentosa visão  para coordenar essa ‘Volta ao Mundo em 80 Artistas’”, anuncia Badi.

Pólen Livros – Fundada em 2014 pela jornalista e editora Lizandra Magon de Almeida, a Pólen Livros traz ao mercado editorial livros principalmente de autoras brasileiras críticas e afinadas com as inquietações que povoam o universo feminino. Tem duas linhas editoriais principais: uma de livros infantis ilustrados, líricos e atuais, e outra de livros de não ficção sobre questões do universo da mulher.

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Badi Assad (Foto de Eduardo Pimenta)

Leia abaixo uma entrevista com Badi Assad, parceria LOID e Margens

Conte um pouco da ideia e realização do livro, juntamente com o novo show de lançamento?

Há alguns anos recebi um inusitado convite da Melissa Lenz, editora da revista TOPMagazine, para ter uma coluna musical semanal no blog da revista que iria ser lançado. Recebi como um grande desafio, já que nunca tinha feito nada do gênero. mas como gosto de desafios… depois a própria revista impressa me convidou para escrever. Após dois anos percebi que havia material o suficiente para um livro. Porém… a ideia de publicar somente aqueles textos soou-me rasa. Foi quando resolvi dar esta volta ao mundo. Para isto mergulhei em uma vasta pesquisa por minha memória e consequente mergulho nas biografias desses artistas, de todos os cantos e etnias. Artistas que tive o privilégio de ser influenciada, direta ou indiretamente. Através de suas gravações ou de interações ao vivo. Para a publicação tive o prazer de conhecer, através da própria Melissa, o trabalho da Lizandra e sua editora Pólen… e nos encantamos mutuamente. Voilà. Nossa cria nasceu.

Para o show convidei as percussões mundiais da grande brasileira Simone Sou, o trabalho de imagens projetadas de Tatiana Travisani, os figurinos de Karla Pessoa e a direção geral de Xarlô e Cintia Alves. O repertório ilustrará várias matizes que retratarão esses variados artistas, misturando estilos, línguas e histórias.

Curioso apontar que o caminho do show segue os mesmos parâmetros do lançamento de um CD. Estou gostando deste caminhar inusitado.

Na música, você rompe o lugar comum e experimenta novos sons. O leitor também pode esperar uma vibrante experimentação literária?

Com certeza! (risos). O meu olhar é curioso no sentido de buscar a origem de onde esses artistas vieram e que os moldaram como são, na composição da arte que os define. Entrando pelos universos de suas infâncias, geografias e curiosas sincronicidades. O livro é, na verdade, uma grande homenagem a todos eles. Para isto busquei sempre encontrar um ângulo diferenciado, um lugar pouco comum. Algo que talvez não tivesse ainda sido traduzido em suas biografias. Um pouco de ousadia, mas como já disse, gosto de ousadias. (risos).

Dos 80 artistas, cite alguns nomes que te influenciam na elaboração de suas músicas. E quais lugares que você passou, a música te marcou?

Algo bem difícil de responder brevemente, pois a maioria (!) desses artistas me influenciaram de alguma forma. Então para ilustrar: 1. Lenine: com sua maestria de mesclar ritmos de sua origem com os do resto do mundo e fazer-nos pegar o violão de uma outra forma, com uma pegada ritmica diferente de tudo o que existia antes; 2. Bob McFerrin: por ter instigado a usar a voz de um jeito totalmente novo; 3. Barbatuques: por trazer o corpo como instrumento musical; 4. Hunn Hurr Turr: por acordar-me para o canto difônico; 5. Larry Coryell: por libertar-me das amarras da perfeição…

Eu diria que em minhas andanças, por esses tantos festivais, trago sempre um ouvido atento e, portanto, a carga de informação entra naturalmente através da emoção se amalgamando em minha paleta orgânica.

Mais de 25 anos de carreira, o que a Badi do começo de carreira aconselharia a Badi de hoje?

Interessante sua pergunta pois geralmente a pergunta é feita ao inverso (risos). Mas vamos lá: Não se acomode!

Badi, como o próprio nome do site (Livre Opinião – Ideias em Debate) pode sugerir, deixamos este final da entrevista como um espaço livre para a artista desabafar, criticar ou colocar em debate uma ideia. Você tem algo a dizer?

Desde que vivemos em uma sociedade patriarcal, a mulher foi obrigada a abandonar as conexões com sua essência sensitiva. As que se mantiveram conectadas, foram taxadas como bruxas e sofreram consequências trágicas. Por outro lado, os homens acabaram enfatizando o lado masculino e se afastaram de suas próprias emoções. Afinal foi ou não determinado como fraqueza quando eles as acessam? Com o movimento feminista conseguimos erguer nossa voz em direção ao acordar de nossas forças e direitos igualitários. Todavia neste processo nos masculinizamos muito e algumas vezes seguimos por caminhos extremos. O poder voltou a fazer parte de nossa autoestima cotidiana mas ainda não voltamos a acessar aquela intuição primordial.  O mundo em que vivemos carece desta energia feminina, acolhedora e gestadora em potencial, de uma forma geral e globalizada. Tanto a que adormece nos homens quanto nas mulheres. Aos homens que vestiram o machismo, mas também àqueles que, apesar de terem entendido o poder de suas energias masculina e feminina, ainda buscam um lugar para ocuparem. E também às mulheres, que tem exercido seu empoderamento através da competição. Obviamente estou generalizando, mas precisamos urgentemente deixar o feminino e toda suas matizes voltar a ocupar seu espaço em nossa sociedade. Teremos assim a possibilidade de reinventar um mundo mais equilibrado.

Badi Assad – Pré lançamento: Livro “Volta ao Mundo em 80 Artistas”

Show, documentário e autógrafo
Local: JazznosFundos
Dia: 12 de abril (quinta-feira)
Horário: a partir das 20h
Duração do show: 75 minutos
Rua Cardeal Arcoverde, 742, pinheiros São Paulo

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