O Rabequeiro Maneta e a Fúria da Natureza é um disco-livro selecionado pelo Rumos Itaú Cultural em que o autor e compositor subverte o forró e apresenta novos paradigmas às tradições culturais brasileiras, com fábula do músico que troca a mão por uma pata de onça. No show de lançamento participam os cantores Assussena Assussena, de As Bahias e a Cozinha Mineira, Siba e Vicente Barreto mais Lulinha Alencar na sanfona
No dia 4 de maio, o multiartista Manu Maltez faz no Itaú Cultural o show de lançamento de O Rabequeiro Maneta e a Fúria da Natureza. Contemplado pelo Rumos Itaú Cultural 2015-2016, um dos principais programas de fomento à cultura do país, o projeto é um disco-livro composto por dois vinis de sete polegadas – encartados com quatro músicas cada – e por um livro que traz o conto de mesmo nome do projeto, com ilustrações feitas pelo artista. Os cantores Assussena Assussena, Siba e Vicente Barreto e Lulinha Alencar, na sanfona, participam da apresentação.
Uma versão digital do disco completo, com 13 músicas, será lançada nas plataformas de streaming. O lançamento é realizado pelo selo Goma Gringa e conta também com a parceria da YB music. Ainda, está em fase de finalização uma animação em curta-metragem do Rabequeiro Maneta. Por isso, apenas trechos do filme serão projetados no show.
O Rabequeiro Maneta e a Fúria da Natureza surgiu das experiências de vida de Maltez, que nos últimos 15 anos transita entre a grande São Paulo e o sertão da Bahia, mais especificamente em Conceição dos Gatos, onde também mora ocasionalmente e desenvolve projetos artísticos. A partir dessas vivências criou o personagem principal da história: o Rabequeiro, um jovem músico vindo do interior do Nordeste para São Paulo na década de 1980 e frequentador do Largo da Batata, onde é conhecido por tocar contrabaixo como se fosse uma rabeca.
A narrativa conta a saga desse músico, que se aventura entre a cidade e o sertão, a tradição e a vanguarda, feminino e masculino, homem e animal. Tudo começou quando, em um certo dia, o Rabequeiro acordou sem a mão esquerda após uma noite de amor com Jezebel, cantora da banda Fúria da Natureza e uma das primeiras pessoas a fazer cirurgia de mudança de sexo no Brasil. Os dois se conheceram em um “risca-faca” da rua Aurora. Ao saber da cirurgia, ele, muito “cabra macho”, não entendeu e ameaçou ir embora. Magoada, ela virou uma onça e com suas garras de gilete, em um só golpe, decepou uma das mãos dele.
Além da mão, o músico perdeu sua memória recente. Sem dinheiro e sem poder tocar, foi atrás da cantora, da qual se lembrava apenas da voz e do encantamento. A única pista que tinha era uma carteira de identidade, encontrada embaixo da cama, com o nome de João Gilberto. Durante a viagem em busca de Jezebel, o Rabequeiro encaixou uma pata de onça empalhada no cotoco do braço e voltou a tocar rabeca.
Ao trazer uma personagem transexual para um mundo normalmente machista, o músico procurou aproximar o ritmo nordestino de questões muito discutidas na atualidade, como a aceitação à diversidade de gênero. “Existe essa provocação. Eu queria aproximar o forró desse mundo novo. Isso é uma coisa. Mas não é uma história edificante, com uma mensagem, com moral”, explica Maltez. “Ela tem violência. Os personagens se engalfinham, são desajustados, se encaixam e desencaixam o tempo todo. Carregam seus membros fantasmas por aí”, fala ele. “É uma história aberta, com várias possibilidades de leitura, eu não tenho controle sobre a narrativa, não sei onde ela vai dar. Ela é como um bicho.” No disco, a música Amor Cristão, que se refere a Jezebel, é interpretada por Assussena Assussena, cantora trans do grupo As Bahias e a Cozinha Mineira. A letra é de Manu Maltez e do escritor Marcelino Freire.
As memórias de infância e juventude do artista em contraste com os dias atuais marcam a obra. Além da referência ao Largo da Batata, aparecem também as suas primeiras incursões ao forró nos anos de 1990, quando ia, ainda menor de idade, ao teatro do Vento Forte para ver tocar Zé Pitoco – uma lenda da zabumba e que participa do disco. Ainda aparece na trama uma ex-namorada, cantora de forró universitário no começo dos anos 2000. O personagem Rabequeiro também tem traços da trajetória do avô, que emigrou do sertão Paraibano rumo à capital paulista para tentar a vida.
De acordo com Maltez, O Rabequeiro Maneta e a Fúria da Natureza, reflete um conflito pessoal: “Tanto Jezebel quanto o Rabequeiro carregam características minhas”, afirma. “Nessa obra, eu estava falando muito de mim. Desse despedaço. Tem um grande cansaço com o mundo masculino, do lugar do homem, do macho, de tudo isso que já foi feito com o homem na supremacia”, conta. “Uma canseira também com aspectos do mundo contemporâneo, esse lado insuportável das redes sociais. A lente ideológica usada para apreciar, debater e fazer arte hoje em dia, por exemplo. Tanto reacionários como progressistas. Parece que esqueceram que existe um negócio chamado inconsciente. ”
Manu Maltez e a banda Fúria da Natureza
É artista plástico, instrumentista, compositor, escritor, diretor de cinema. Em outros trabalhos de sua autoria, já tratou dessa fusão entre homem-bicho, que parece permear toda sua obra, como em seu primeiro livro, uma versão só de imagens para O Corvo, de Edgar Allan Poe (Prêmio Jabuti 2011). Tem também Meu Tio Lobisomem – Uma história verídica, conto ilustrado lançado pelo autor em 2011, e seu último livro de desenhos, Cambaco (Edições SM 2017). Em seu filme-disco O Diabo Era Mais Embaixo, um média-metragem de 2014 que fundiu o cinema e a animação, o personagem, um alter-ego de sua personalidade, faz uma parceria com o diabo, seu vizinho, em uma releitura do mito de Fausto. “Eu sou um fabulista contemporâneo, faço fábulas perturbadas”, define o artista.
A banda Fúria da Natureza conta com os músicos Rafa Barreto na guitarra, Zé Pitoco na zabumba, Alessandra Leão na percussão e voz, Maria Beraldo no clarinete e clarone e Manu Maltez na condução de violão, voz e rabecão. Os arranjos são coletivos e o projeto conta também com as participações de Assucena Assucena na voz, Siba na rabeca, Lulinha Alencar na sanfona e Vicente Barreto na voz.
Rumos Itaú Cultural
O Itaú Cultural mantém o programa Rumos desde 1997. Este que é um dos primeiros editais do Brasil para a produção e a difusão de trabalhos de artistas, produtores e pesquisadores brasileiros, já ultrapassou os 52 mil projetos inscritos vindos de todos os estados do país e do exterior. Destes, foram contempladas mais de 1,3 mil propostas nas cinco regiões brasileiras, que receberam o apoio do instituto para o desenvolvimento dos projetos selecionados nas mais diversas áreas de expressão ou de pesquisa.
Os trabalhos resultantes da seleção de todas as edições foram vistos por mais de 6 milhões de pessoas em todo o país. Além disso, mais de mil emissoras de rádio e televisão parceiras divulgaram os trabalhos selecionados.
Nesta edição de 2017-2018, os 12.616 projetos inscritos serão examinados, em uma primeira fase seletiva, por uma comissão composta por 40 avaliadores contratados pelo instituto entre as mais diversas áreas de atuação e regiões do país.
Em seguida, passarão por um profundo processo de avaliação e análise por uma Comissão de Seleção multidisciplinar, formada por 21 profissionais que se inter-relacionam com a cultura brasileira, incluindo gestores da própria instituição.
Lançamento de O Rabequeiro Maneta e a Fúria da Natureza
De Manu Maltez
Convidados: Assucena Assucena, Siba, Lulinha Alencar e Vicente Barreto
Dia 4 de maio (sexta-feira)
Às 20h
Duração: 55 minutos
Classificação indicativa: 12 anos
Interpretação em Libras
Sala Itaú Cultural (224 lugares)
Entrada gratuita
Distribuição de ingressos:
Público preferencial: 2 horas antes do espetáculo (com direito a um acompanhante)
Público não preferencial: 1 hora antes do espetáculo (um ingresso por pessoa)
Estacionamento: Entrada pela Rua Leôncio de Carvalho, 108
Se o visitante carimbar o tíquete na recepção do Itaú Cultural:
3 horas: R$ 7; 4 horas: R$ 9; 5 a 12 horas: R$ 10.
Com manobrista e seguro, gratuito para bicicletas.
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