‘papos de versos’: Rafa Carvalho conversa com Nelson Sargento no Sesc Belenzinho

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Arte de Ana Muriel

Nesta terça-feira, 29 de maio, a partir das 20h, o Sesc Belenzinho realiza a abertura do “papos de versos”. O projeto, idealizado pelo poeta Rafa Carvalho, vive a sua 4ª edição, chegando à São Paulo pela primeira vez. Trata-se de um encontro literário, mas que aborda a Poesia em perspectiva expandida. Segundo o poeta, a história brasileira projeta um lugar muito limitado à Literatura, à Arte e à Cultura, assim como à sua população geral.

Carvalho fala não em uma reintegração de posse, mas em uma integração de pertença: é preciso que o povo todo esteja entregue à Poesia, como é preciso a Poesia ser entregue a todo povo. E segue: “(…) Há uma poética diária possível na vida, e ela precisa fazer-se presente em nossa consciência, e convivida por nossos cotidianos. Sem isto, não adianta escola, livro, biblioteca. Não adianta aparelho. Os aparelhos precisam do humano para funcionar. E o humano precisa amar para querer. Para amarmos precisamos, ou de uma ilusão, ou: reconhecer. Logo, só posso amar Literatura de verdade, quando ela se senta em minha casa, ou eu na sua, e nos olhamos nos olhos.” De fato o projeto propõe acontecer como na sala de estar, cozinha ou quintal de uma casa, e busca relacionar a Poesia com os mais variados territórios, de Literatura a Cultura Popular, passando por Gastronomia, Química, Ciências Humanas e o que mais puder.

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Nelson Sargento (Foto: Henry Milléo)

Neste ano, em co-curadoria com o Sesc Belenzinho, o encontro lida com o Samba, como fosse o Samba irmão da Poesia na cultura brasileira. O projeto se abre sempre com um pedido de benção, sendo Dona Edite da Cooperifa, Raquel Trindade e Jorge Mautner os que já lhe deram esta graça, em edições anteriores. E nesta terça-feira, quem abençoa o “papos de versos” é Nelson Sargento, compositor, escritor, pesquisador, artista plástico… “Versátil”, como diz seu disco, e velha guarda absoluta do Samba no Brasil e no mundo. O compositor mangueirense se encontra com Rafa, neste encontro de gerações, e mais todo o público presente, em uma sala de estar, de uma “casa de bamba”, na Comedoria do Sesc Belenzinho, para dar início a esta edição, que vai de 29 de maio, a 10 de julho, por sete terças-feiras seguidas, sempre com estrada livre e gratuita.

O projeto que já contou com presenças como Juliano Garcia Pessanha, Marcelino Freire, Roberta Estrela D’alva, Eveline Sin e Maria Vilani recebe este ano Sérgio Vaz, Ana Maria Gonçalves, Ricardo Aleixo, Paulo Lins, Xênia França, Gero Camilo, Dona Rita da Barquinha, entre outras. A co-curadoria resulta também, num olhar muito atencioso às realidades da zona leste da cidade, em que o Sesc Belenzinho se situa e onde Rafa Carvalho nasceu e passou o início de sua vida, até se mudar para o interior. Muitas das pessoas convidadas, artistas, escritoras, sambistas, pesquisadoras, são oriundas da zona leste – e muitas ainda residem ali. Segundo Carvalho, esta é uma forma de constatar o quanto a Poesia está em qualquer parte: “(…) Cada localidade e população pode achar a Poesia em si mesma. Além de que, olhar para uma margem , para uma periferia, é olhar para todas as demais. A zona leste de São Paulo muitas vezes não é incluída, mas tem uma grande produção cultural, poética, de samba e de arte em geral, assim como vive ainda a sua efervescência. Por isso tudo e por suas dimensões gigantescas, olhar para a zola leste paulistana é olhar para o mundo inteiro. E fazer Poesia aqui é ter parte na Primavera da Terra, de que tanto precisamos.”

Rafa Carvalho

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Rafa Carvalho (Foto: Diogo Zacarias)

Rafa Carvalho é um poeta que vê nessa chancela não um limitante, mas sua libertação. Diz-se um grande não especialista e, às vezes, um “neoqualquercoisista”: esta “inclassificação” que cunhou para brincar com as demandas de rótulos do mundo. A ausência quase completa de publicações dificulta qualquer análise de consistência em sua obra. Para muitos, nem poeta ele é. Mas vive como uma espécie de performer discreto, fazendo poema da vida. E como um “outsider”, quase um beat fora do tempo e espaço, conta já quinze anos de carreira, com passagens por mais de vinte países diferentes. Soma nisso suas experiências como artista de circo, monge, bolsista de uma universidade dinamarquesa, marinheiro aprendiz, garçom e educador social. Tudo isso vai passando despercebido, mas às vezes chama à atenção, como aconteceu com o diretor Ninho Moraes, que viu  em Rafa uma forte representação das heranças antropofágicas e tropicalistas na vida e no trabalho do jovem poeta, das mais fortes em sua geração de artistas, no país.

Atua fortemente na zona leste de Campinas, periferia para onde se mudou na infância, com a família. Lá ele organiza o “Samba no Maneco”, uma roda de samba, que faz já 8 anos, com a comunidade local. E foi responsável por toda uma movimentação da Poesia na cidade, com suas atuações e a criação do Sarau da Dalva. Ao mesmo tempo em que vai galgando suas andanças pelo mundo. A mais recente delas foi uma residência artística na Ilha de Creta, Grécia, a convite de um projeto local.

papo de versos, Rafa Carvalho conversa com Nelson Sargento

Data: 29 de maio, terça-feira.

horário: 20h00

Local: Sesc Belenzinho (R. Padre Adelino, 1000 – Belenzinho, São Paulo)

Mais informações: https://www.sescsp.org.br/ e https://www.facebook.com/paposdeversos/

 

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