Jeguatá: caderno de viagem, selecionado pelo programa no edital 2015-2016 e de autoria dos artistas Ana Carvalho e Fernando Ancil, disponibiliza na internet recortes de jornal, fotografias, postais, mapas, vídeos coletados sobre a tradição do caminhar Guarani e a atual vida desse povo, que convive com atividades agrícolas estranhas à sua realidade
“Nós caminhamos para nos encontrarmos e falarmos com nossos parentes, mesmo em lugares distantes”, fala Elsa Chamorro, indígena da aldeia Tekohá Koenju, sobre uma das maiores tradições do povo Mbya-Guarani. Foi essa característica da vida dos Guarani que os artistas Fernando Ancil e Ana Carvalho resgataram no projeto Jeguatá: caderno de viagem contemplado pelo Rumos Itaú Cultural 2015-2016 para a realização do site bilíngue (gurarani e português) https://www.jeguata.com. Disponível na internet a partir do dia 26 de junho, o público encontra reunidos recortes de jornal, fotografias, postais, mapas, vídeos e narrativas coletadas que indicam a trajetória que percorreram.
Deslocar-se, transitar pelo território – constituído por Brasil, Argentina e Paraguai – tem amplo significado na cultura Guarani. Nessas viagens aproveitam para ir a velórios de familiares, trocar sementes de plantio ou mesmo matéria-prima para feitura do artesanato. Além do ato cotidiano, andar tem, ainda, o sentido de caminhada sagrada, em busca da “terra sem males”. “Se não estamos tranquilos em um lugar, nos mudamos para uma outra aldeia ou saímos em busca de um lugar para construir uma nova aldeia. Desde os tempos antigos é este o nosso modo de ser”, explica Elsa.
Para refazerem a ancestral caminhada da Jeguatá e remontarem a história antiga e recente de desterro desses indígenas, Ana e Ancil partiram da aldeia Koenju, no sítio histórico de São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul, e foram até a aldeia Kunhã Piru, na província de Misiones, Argentina. No trajeto, passaram por ruínas jesuíticas e outras aldeias Guarani, sempre acompanhados das lideranças Mbya-Guarani Patrícia Ferreira Pará Yxapy e Ariel Kuaray Ortega, cineastas formados pelo projeto Vídeo nas Aldeias, com quem Ana e Ancil trabalham desde 2008.
“Estávamos interessados tanto em entender o que eram essas comunidades que estávamos conhecendo e o modo de vida das pessoas, quanto o ambiente no entorno, que engole, massacra esse mundo indígena”, conta Ana referindo-se a grande área de plantio de soja e de milho transgênicos presentes no percurso, tendo fim apenas ao chegar nos limites entre aldeia e cidade. “O tempo inteiro quisemos entender onde esses mundos se chocavam, onde se superpunham, se distanciavam.”
A navegação pelo site é livre, orgânica, não tem um caminho a seguir, assim como a viagem feita para realizar o projeto. Ao entrar nele, o internauta encontra uma espécie de índice que remete a tabela do jogo do bicho. Ana explica que a ideia surgiu da própria cultura indígena, que tem nos sonhos, inclusive com animais, repostas para a vida na aldeia, e, também, pelo jogo fazer parte do cotidiano dos locais por onde passou. A partir desse menu é possível tomar direções diferentes dentro do projeto, acessando imagens e vídeos que, de alguma forma, tem relação com as palavras clicadas.
Rumos Itaú Cultural
Um dos maiores editais privados de financiamento de projetos culturais do país, o Programa Rumos, é realizado pelo Itaú Cultural desde 1997, fomentando a produção artística e cultural brasileira. A iniciativa recebeu mais de 64,6 mil inscrições desde a sua primeira edição, vindos de todos os estados do país e do exterior. Destes, foram contempladas mais de 1,4 mil propostas nas cinco regiões brasileiras, que receberam o apoio do instituto para o desenvolvimento dos projetos selecionados nas mais diversas áreas de expressão ou de pesquisa.
Os trabalhos resultantes da seleção de todas as edições foram vistos por mais de 6 milhões de pessoas em todo o país. Além disso, mais de mil emissoras de rádio e televisão parceiras divulgaram os trabalhos selecionados.
Nesta edição de 2017-2018, os 12.616 projetos inscritos foram examinados, em uma primeira fase seletiva, por uma comissão composta por 40 avaliadores contratados pelo instituto entre as mais diversas áreas de atuação e regiões do país.
Em seguida, passaram por um profundo processo de avaliação e análise por uma Comissão de Seleção multidisciplinar, formada por 21 profissionais que se inter-relacionam com a cultura brasileira, incluindo gestores da própria instituição. Foram selecionados 109 projetos, contemplando todos os estados brasileiros.
Rumos Itaú Cultural 2015-216
Jeguatá: caderno de viagem
A partir de 26 de junho
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