45 anos após o lançamento da edição original e de uma bem-sucedida adaptação para o cinema, o romance A Princesa Prometida ganhou uma tradução nacional em capa dura (lançada no mercado nacional em junho de 2018) que faz jus a enorme influência que a obra e seu autor William Goldman tiveram na cultura ao longo das últimas décadas.
Goldman é famoso por inúmeros livros e filmes de diferentes gêneros. Além do roteiro do longa de A Princesa Prometida, seus principais trabalhos incluem títulos tão diversos quanto a ficção científica As Esposas de Stepford e o western de poker Maverick, que ajudou a popularizar a modalidade five card draw nos anos noventa.
Essa miríade de influências certamente pode ser sentida no livro, que bebe da fonte das mais famosas obras clássicas, para criar uma espécie de paródia pós-moderna que quebra todas as estruturas e subverte praticamente todas as expectativas dos contos de fada tradicionais.

Cartaz do filme “A Princesa Prometida”, de 1987 (Crédito: 7th Street Theatre Hoquiam)
A princípio, a narrativa pode parecer simples. A filha do fazendeiro Buttercup e o camponês Westley se apaixonam e juntos descobrem o “amor verdadeiro”, mas o jovem precisa crescer e parte em uma jornada de navio que termina com um trágico naufrágio.
Mesmo desolada pela perda do seu grande amor, Buttercup se torna a mulher mais bela de todos os reinos e sua beleza eventualmente chama a atenção do príncipe Humperdinck, que a pede em casamento.
Humperdinck tem um plano nefasto para utilizar a união para conquistar os reinos vizinhos, mas Buttercup, que não tem ideia das suas verdadeiras intenções, aceita o pedido e a cerimônia é marcada.
Felizmente, Westley consegue retornar da jornada e, com a ajuda de alguns dos melhores personagens secundários já criados, como o tragicômico espadachim Inigo Montoya e o gigante Fezzik, faz de tudo para resgatar Buttercup do príncipe.
O autor utiliza essa narrativa da tradicional jornada do herói como alicerce para um romance que contém todas as melhores partes de um épico medieval, de lutas de esgrima até testes de sabedoria e um belo romance, ao mesmo tempo em que lança um olhar crítico sobre as partes problemáticas dessas histórias e subverte as expectativas do leitor.
Nas primeiras páginas do romance, o autor Goldman cria um autor fictício, S. Morgenstern, que teria escrito a versão original do livro da qual só conhecemos a edição “editada” por ele e a maior qualidade da obra reside na incontestável atemporalidade resultante desse fato e da maneira como a história é contada para o leitor.
Apesar de ter sido publicado no começo dos anos setenta, a obra parece ser uma história de contos de fada tradicional, com todos os elementos comuns a elas, que foi passada durante gerações até essa versão final, repleta de críticas e ponderações sobre o gênero, finalmente chegar até as mãos do leitor.
Nos quase cinquenta anos que se passaram após a publicação da primeira edição, uma infinidade de livros, séries e filmes já se inspiraram no romance e muitas das suas influências já serão conhecidas por parte do público. Apesar desse fato, nenhuma delas foi capaz de superar a versão original, que ainda contém algumas das passagens e criações mais inventivas da literatura moderna.
Além da capa dura e muito bem ilustrada, a edição brasileira conta com os textos extras que o autor escreveu para as edições comemorativas de 25 e 30 anos do lançamento da obra original e pode ser considerada um verdadeiro tesouro para os fãs.
Digna de um título que desafia gêneros e classificações simples, essa tradução servirá para introduzir esse clássico moderno para as novas gerações e para um público que não teve acesso a obra original.

William Goldman (Crédito: Canadian Film Centre)
Título: A Princesa Prometida (23,4 x 16 x 2,4 cm, 416 p)
Autor: William Goldman
Tradução: Alice Mello
Publicação: 2018.
Preço: 54,90 reais
Disponível em: https://www.intrinseca.com.br/livro/836/