Cor-de-rosa. A capa e as letras. Diferente. É um livro pequeno, cabe no bolso de um casaco, e curto, com poucas páginas. Mas avoluma-se muito a cada linha, a cada relato, a cada cena e a linguagem como que povoada pelo fermento das metáforas leva a narrativa para o que há de imenso nos pequenos e grandes momentos da vida. A mulher que mora na menina e a menina que ainda habita a mulher. Esses dois mundos concentrados em duas distintas partes apresentam-se então feito um poema em que as palavras se aquecem e se incendeiam para transformar-se em uma conflagração de lembranças, de cores e de perfumes.
Há dois polos nesta narrativa poética: o pai e a mãe, e em torno deles gira a teia tecida para revelar os venenos e os antídotos de uma existência que se lança feito uma explosão de imagens ao olhos do leitor.
O entrecho mostra a infância da narradora, passa por sua adolescência até chegar à idade adulta. Entretanto, estes diferentes momentos não se apresentam de forma linear; a narradora prefere os caminhos sinuosos do ir e vir e passeia pelas retas e pelas curvas da memória, pintando um quadro de comoção que acaba por se caracterizar como viagem em que ela e o leitor vão e voltam num jogo poético de busca e encontro.
Trata-se de um livro em que as palavras, o ritmo e as imagens mostram uma história que enternece e revelam o inusitado apetite e o desmedido amor que Simone Paulino tem pela linguagem.
★★★
Jorge Antônio Ribeiro, paulista de Botucatu, sempre gostou de escrever poemas e de contar histórias. Em 2011 publicou o livro de contos Esses dias pedem silêncio, pela Editora Edith e já participou de diversas antologias. Escreve para gozar, no melhor sentido que este verbo possa ter.