Dez perguntas para Chacal: ‘Depois do poema escrito e do poema falado, tenho exercitado o poema, calado’

sempre deixei as barbas de molho porque barbeiro nenhum me ensinou como manejar o fio da navalha sempre tive a pulga atrás da orelha porque nenhum otorrino me disse como se fala aos ouvidos das pessoas sou um cara grilado um péssimo marido nove anos de poesia me renderam apenas um circo de pulgas e…

Cinco poemas de Daniela Delias

  LANÇAS aconteceu de chover tanto que cogumelos imensos nasceram no concreto justo hoje que não diria dos punhais sobre o sonho vesti minhas luvas cerquei-me de lanças vi meu coração partido há coisas que simplesmente nascem: não se pode dissuadir a vida de sua natureza terrível   ★★★ ROTEIRO armar as palavras não ditas…

Aline Bei: não tenho mãe

meu rosto ainda estava no asfalto na queda tem esse momento pequeno em que a gente quase se acostuma com o chão, a gente quase mora no lugar onde caímos também na pessoa em nós que caiu como se a queda fosse irreversível como se a vida, agora, se limitasse a isso, a esse beijo.…

Poeta em Queda: funerais em caixinha de fósforo

  funerais em caixinha de fósforo eram nossas as falhas espalhadas pela arquitetura da mesa, as minúsculas ausências, os vãos na atmosfera em atitudes de calar. não eram nossos os pedaços de morte que esperavam à espreita, cão farejando presa, faca fincada em queijo. a morte nunca nos pertence. a nós, apenas as cinzas, as…

Débora Arruda: Coração Despovoado

CORAÇÃO DESPOVOADO eu poderia dizer como é andar dentro de um ônibus cheio ao lado de vários carros vazios poderia escrever detalhadamente sobre o sol penetrando a minha pele sem precisar me resumir somente à palavra sensação poderia contar que existem mais de quarenta tipos de plantas no meu quintal e dizer que ele é…